Simplicidade é o conselho da BlackBerry para teles fixas

A Globalcomm 2006, principal evento da indústria de telecomunicações dos EUA e que substitui o antigo Supercomm, teve um início inusitado. Como keynote speaker na primeira palestra do evento, nada de se falar em convergência, IMS, IPTV, VoIP e outras siglas estampadas em 9 entre 10 estandes que permeiam a exposição que congrega 700 empresas. Quem abriu o evento foi Mike Lazaridis, presidente e CEO da RIM (Research in Motion), empresa que entre outros feitos inventou e produz o hit número um para executivos quando se fala em aparelhos móveis, o BlackBerry. O que Lazaridis tem a acrescentar para o mercado de telecomunicações em um show essencialmente dominado por tecnologias fixas?
Sua apresentação foi centrada em um conceito da simplicidade, que talvez seja precioso em um momento em que a indústria de telecomunicações vive sob a espada na necessidade de entregar produtos convergentes. Segundo Lazaridis, o grande feito do BlackBerry é conseguir oferecer alto valor em serviços com uma economia brutal de espectro. De acodo com seus números a média de uso dos clientes BlackBerry, a forma como os serviços de mensagem instantânea, emails e navegação oferecidos pela plataforma consomem, em média, não mais do que 2 Mbytes de volume de dados por mês. Para se ter uma idéia, para um usuário que fala cerca de 500 minutos por mês, o tráfego de voz seria o equivalente a um volume de 45,7 Mbytes/mês. Para fazer a mesma coisa que um BlackBerry faz, um PC precisaria de 1,7 Gbytes por mês. O BlackBerry tem hoje 4,9 milhões de assinantes, cerca de metade do mercado. Seus concorrentes diretos (Palm OS, Symbian OS, Windows Mobile e outros), têm a outra metade.
A mensagem que Lazaridis tentou deixar é a de que não adianta prometer inúmeros serviços se a rede não terá capacidade, ou se os serviços logo saturarão a capacidade da rede, ou se eles não farão sentido do ponto de vista econômico. "Minha mensagem não é sobre o que se pode fazer, mas sobre o que pode fazer sentido fazer. É preciso ter certeza de que aquilo que está sendo oferecido é, primeiro, possível e, depois, rentável". Para uma platéia que está acostumada a ouvir mensagens de incentivo a tudo o que diga respeito a convergência, a palestra de Lazaridis pode ter soado desanimadora. Mas talvez tenha sido um bom conselho.

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