O ano do setor de equipamentos de telecomunicações deverá fechar com um acréscimo no faturamento de 9%, puxado pela expansão de 27% no faturamento de celulares – que compensou a queda de 5% na infraestrutura. Porém, de acordo com levantamento com dados preliminares da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgado nesta quinta-feira, 4, essa tendência não se repetirá em 2015. A projeção da entidade é de que o faturamento em geral do setor seja de 4%, com aumento de 10% na infraestrutura, mas queda de 3% com handsets.
O diretor de telecomunicações da Abinee, Paulo Castelo Branco, explica que haverá crescimento em infraestrutura porque este ano de 2014 foi "complicado". Ele ressalta que "a diferença que existe mais forte é que os investimentos do primeiro ao terceiro trimestre de 2013 foram na ordem de R$ 5,7 bilhões a R$ 6 bilhões por trimestre, enquanto no quarto trimestre foi de R$ 9 bilhões, uma puxada muito forte", explica. "Não acredito que neste ano (de 2014) tenhamos esse número tão expressivo no quarto trimestre. Essa redução de investimentos em infraestrutura chega ao faturamento das empresas que fornecem para operadoras", diz. Mas logo complementa que a queda de 5% no faturamento em infraestrutura previsto para este ano seja "exagerado, em vista do que vemos".
Castelo Branco destaca ainda que a indústria esperava que o leilão de 700 MHz fosse menos oneroso e viesse mais cedo. "E também chamou para as operadoras o financiamento da limpeza de faixa e proteção contra interferências, e isso pode ter consequências não para 2014, mas para 2015", declara.
O diretor da entidade diz que não teve queixa com volume de investimentos, e que acredita ter havido "grande expectativa" com o Regime Especial de Tributação do Programa Nacional de Banda Larga (REPNBL). Castelo Branco considera, no entanto, que o plano Banda Larga Para Todos, com previsão de R$ 60 bilhões em quatro anos, possa ser um acelerador de investimentos. "Tem também a questão da desoneração do M2M, mas me parece que o volume de investimentos nessa área é bastante reduzido. Espero que isso comece a ocorrer em 2015", pontua.
Números
A exportação dos produtos de telecomunicações em 2014 caiu 38%, totalizando R$ 269 milhões. Entre os produtos mais exportados no setor, os componentes para o setor tiveram queda de 19%, total de R$ 159 milhões. Já a importação caiu 3% (R$ 2,782 bilhões), com os componentes para telecomunicações aumentando 7% (R$ 7,105 bilhões).
Ano difícil
No geral, o setor de eletroeletrônicos teve queda de 7% no faturamento, totalizando R$ 67,810 bilhões em 2014, com queda nas exportações (9%) maior do que a das importações (4%), deixando o saldo da balança comercial negativo, apesar do recuo de 3%. A quantidade de empregos também caiu 2%, e os investimentos encolheram 5%. "Queremos que o ano acabe logo. Foi um nível de atividade bastante ruim, diferentes segmentos tiveram dificuldades grandes", ressaltou o presidente da Abinee, Humberto Barbato. Segundo ele, entretanto, houve medidas que tornaram "a caminhada um pouco menos onerosa", como a renovação da Lei de Informática e da Lei do Bem.
