O cineasta Carlos (Cacá) Diegues também não é defensor do projeto 280/07, do senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA), que trata da produção, programação e provimento de conteúdos nacionais em novos meios de comunicação eletrônica. Para o cineasta, que falou em audiência pública na Comissão de Educação do Senado nesta quinta, 4, o problema no Brasil é carência de meios de distribuição do conteúdo audiovisual produzido. "No Brasil, as TVs se instalaram sem discutir quais seriam os encargos em relação ao cinema. No ano passado, só a Globo e a TV Cultura exibiram cinema brasileiro, o que é um absurdo. Tem que haver marcos, mas não limites. Sinalização, mas não impedimentos. E minhas questões básicas são as multiplicações das formas de distribuição", disse o cineasta aos senadores.
Ele elogiou a iniciativa das teles de distribuírem conteúdos brasileiros, mas fez uma ressalva. "Hoje leio que a Oi diz que vai distribuir canais de TV e que está negociando com estúdios internacionais, e que pretende negociar com o conteúdo brasileiro em um segundo momento. Vimos (o que é) esse segundo momento com a TV", disse, lembrando que o conteúdo já está disponível. "Não acredito em casamento de delegacia, mas essa integração é fundamental para a democracia brasileira. Sem opções no cardápio a gente pede sempre filé com fritas. Temos que garantir a possibilidade de todas as vozes se manifestarem nessa revolução tecnológica. Mas isso não se define pela economia, pelo capital, mas pelo conteúdo. Queremos cosmopolizar a nossa cultura. Sem falar em obrigar, proibir, limitar, censurar, e sim falando em estimular, premiar, incentivar, promover", disse. O cineasta ponderou ainda que considera muito difícil fazer essa lei. "E o mais importante é não ter muita pressa, senão sai errado. É preciso encontrar um espaço mínimo para que todas as vozes possam se manifestar".
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