O vice-presidente e gerente geral da Nokia, Claudio Raupp, afirmou nesta quinta, 3, que a indústria de aparelhos celulares está chegando a uma curva de saturação na relação da queda de preço dos terminais e o faturamento dos fabricantes. "Estamos chegando no limite da rentabilidade; não vamos conseguir chegar outra vez a 50% de redução como foi nos últimos dois anos", pontua Raupp. Segundo ele, um handset que custava em média US$ 100 no final de 2002, atualmente chega aos consumimdores a um preço de US$ 50 dólares. Na opinião do executivo, a contribuição da indústria para que a penetração de celulares no Brasil chegue a 55% será pequena e gradual. "Não vamos mais conseguir baixar US$ 10, US$ 15 por ano no custo dos aparelhos. Mesmo um terminal low-end tem muita tecnologia embarcada para reduzir as falhas e torná-lo robusto para o funcionamento contínuo", observa. Para Raupp, o aumento da penetração nas classes de menor poder aquisitivo deverá ser feito em parceria com governo e operadoras.
"Anapobre"
Para o diretor geral da Motorola no Brasil, Luis Carlos Cornetta, o custo de manufatura dos terminais é competitivo com os incentivos dados pelo governo e o volume de vendas que o País conseguiu. "É uma questão de adequar o uso; o Brasil tem 95% de penetração de televisores coloridos porque a Globo não cobra serviço no final do mês", afirma. Cornetta completa: "Não quero criar a Anapobre, a Agência Nacional da Pobreza, mas o problema não está só no custo dos terminais, está em todo o panorama desse negócio". Na opinião do diretor da Motorola, não há como diminuir mais o custo dos handsets. 'Mesmo ampliando a escala de produção de chipsets, o custo médio desses chips seria de US$ 18, como eu pago o resto?", questiona.
Qualidade
"É fácil baixar mais o preço dos aparelhos: basta colocar um plástico de outra qualidade e abrir mais os testes dos produtos, deixá-los menos rigorosos", ironiza o diretor de telecomunicações da Siemens, Humberto Cagno. "Não vamos reduzir preço a custo de baixar a qualidade", enfatiza. Para ele, a questão também não se resume ao preço do aparelho, mas também ao custo efetivos dos serviços. "As operadoras têm de baixar o preço dos serviços", conclui.
Os executivos participaram de um painel de fabricantes de celulares na Telexpo 2005.