A chegada do 5G evidencia uma antiga queixa do setor de telecomunicações pela falta de mão de obra qualificada, e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) sabe disso. Há pouco mais de um ano, o presidente da entidade, Vinícius Marchese, disse ao TELETIME que queria abrir um diálogo para ampliar a capacitação, além da continuidade das atividades de fiscalização. Nesta sexta-feira, 2, o executivo conversou novamente com este noticiário, e disse que continua sendo uma questão.
"Temos um gargalo, é uma questão de política pública. Em maio de 2020, a McKinsey fez um estudo prevendo que até 2030 o Brasil precisará de um milhão de profissionais na área de tecnologia, em engenharias, TI e telecom. E não teremos profissionais para atender a essa demanda", analisou Marchese. Ou seja: em sete anos, o País poderá ter impactos mais graves se não nada for feito.
Para o executivo, é preciso que seja uma política pública mais ampla e federal, para além do escopo de uma entidade regional como o próprio Crea-SP. "O 5G tem um cronograma até 2029, e até chegar lá vamos ter países implantando o 6G. Então tudo isso precisa de debate muito mais amplo do que pequenas iniciativas de capacitação."
No ano passado, o presidente da entidade sugeriu a existência de um selo de qualidade na Anatel para que houvesse exigência de profissionais devidamente habilitados. Federação que reúne empresas de call center, instalação e manutenção de redes de telecom, a Feninfra havia manifestado interesse em conversar com o Crea-SP e com a agência para desenvolver o assunto. No entanto, Marchese diz que essa iniciativa ficou para o próximo ano.
"Chegamos a conversar com a Feninfra, ficamos de formar uma equipe, mas isso não se concretizou. Eu acabei me licenciando para participar do processo eleitoral, e o projeto ficou para 2023." O executivo disputou cargo de deputado federal pelo PSD em São Paulo nas Eleições deste ano.
De acordo com Vinícius Marchese, o planejamento estratégico do Crea-SP para 2023 está mantido para as atividades prioritárias de acordo com as necessidades do estado, incluindo entregas além da fiscalização. A entidade tem atualmente 130 fiscais, mas prevê abrir concurso no ano que vem para mais vagas.