A Feninfra, entidade que congrega as empresas de instalação e manutenção de redes e empresas de call center, está preocupada com a necessidade de requalificar profissionais do setor para novas tecnologias como o 5G.
Vivien Suruagy, presidente da Feninfra e da Contic, estima que haverá uma geração de 1,5 milhão de empregos em curto prazo com o 5G, em TI, inteligência artificial e infraestrutura de telecomunicações em geral. Mas menciona que há uma lacuna no Brasil com a fuga de talentos, afirmando haver propensão de 67% dos jovens profissionais de sair do País. Sem contar os trabalhadores que precisam de atualização. Esta preocupação também foi colocada por Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores).
"Historicamente, era dito que o Sistema S qualificava o setor, mas vimos que isso não aconteceu. Não temos grade curricular e necessitamos de algo muito mais aperfeiçoado e moderno para fazer frente a diversas atividades e especialidades", declarou ela, durante evento Feninfra Live nesta sexta-feira, 25. Suruagy cita ainda o impacto da precificação do edital do 5G no investimento e mão de obra para atendimento das metas.
"Temos que requalificar ou qualificar em torno de 1,2 milhão de trabalhadores por ano, sofisticar o treinamento", declara. A presidente da Feninfra ressalta que a parceria da Contic com a Conif visa endereçar essa questão, uma vez que a instituição possui 600 unidades e aproximadamente um milhão de alunos. "Vamos modernizar a grade para treinar [e resolver] essa falta de mão de obra imensa."
Outra iniciativa é da Huawei, com criação de laboratórios para a formação de profissionais de telecomunicações. Isso é feito por meio de parceria com 70 instituições, para qualificar estudantes e aproximá-los ao mercado de TICs. "Também nas parcerias com criação de laboratórios, focados na instalação de FTTH, mas pessoas serão qualificadas também para atuar no 5G. Nos últimos anos formamos 30 mil pessoas, e queremos dobrar isso", declara o diretor de relações públicas e governamentais da fornecedora no Brasil, Bruno Zitnick.
Jacqueline Lopes, diretora de relações institucionais da Ericsson Latin America para a região Sul também aponta a necessidade de permanente investimento em tecnologia e lembra que a Ericsson, que atua há 100 anos no Brasil, mantém não apenas uma fábrica no país como um centro de pesquisa local.
Em outro painel do evento, João de Moura Neto, presidente da Fitratelp, levantou o problema da capacitação sob contexto de atualização das novas tecnologias, que estaria deixando trabalhadores "órfãos de empregos e atividades por conta da modernização". Ele cita não apenas redes móveis, mas mesmo técnicos que lidam com a rede de cobre, e que agora precisam se capacitar para fibra.
Wilson Cardoso, CTO da Nokia Latin America, lembra que o 5G não deve trazer grandes novidades em relação à parte de rádio das redes de telecomunicações, que é mais ou menos equivalente à das gerações atuais, mas que haverá uma grande ampliação na quantidade de antenas e, sobretudo, na diversificação dos serviços. "Haverá a necessidade de profissionais capazes de atuar na integração de diferentes setores da economia que utilizarão as soluções baseadas em 5G", lembra o executivo.
Para Luciano Stutz, presidente da Abrintel, que representa as empresas de torres, há a necessidade de treinar profissionais para trabalhar em grandes alturas e que tenham conhecimento técnico sobre as redes de 5G, e é necessário fazer um treinamento pensando no futuro, com a massificação da quantidade de antenas e sites. (Colaborou Samuel Possebon)