"As redes são importantes e sempre serão importantes. Isso vale para as redes de vídeo e o mesmo vale para redes de banda larga", disse Rob Lloyd, presidente da área de desenvolvimento e vendas da Cisco, durante o Cable Show 2014, principal evento de TV por assinatura dos EUA que aconteceu esta semana, em Los Angeles. Ele deu a declaração ao ser questionado sobre o impacto que os serviços over-the-top (OTT) teriam sobre a cadeia de players da indústria de TV a cabo tradicional, dos operadores aos fornecedores de set-top boxes. A declaração vai na mesma linha do que já havia declarado o CEO da Arris, Bob Stanzione, quando questionado sobre como o crescimento do mercado de dispositivos dedicados a streaming de conteúdos para TVs, como Chromecast, AppleTV, Roku Box e Amazon Fire TV teriam no mercado de set-top boxes. "Vejo os serviços OTT como uma ameaça e uma oportunidade", diz ele, alegando que a demanda por redes melhores e de maior velocidade tende a crescer.
Arris e Cisco são, respectivamente, as duas maiores fornecedoras de set-top boxes para TV a cabo dos EUA. Mas também são as duas maiores fornecedoras de equipamentos de banda larga, e por isso o crescimento do mercado de caixas OTT deve impulsionar o mercado de ultra-banda larga, aposta que ambas fazem, sobretudo com a nova geração de cable modems com a tecnologia Gigasphere (DOCSIS 3.1), que permitirá acessos gigabit.
No que diz respeito aos set-tops em si, o futuro dos fabricantes está muito relacionado ao avanço das discussões entre os maiores operadores norte-americanos e também a Liberty Global (maior operadora europeia) para o desenvolvimento do RDK, uma plataforma aberta que permitirá à nova geração de caixas, em tese, mais flexibilidade de customização, processamento de aplicativos, serviços em nuvem, recomendação de conteúdos etc. Do lado dos fornecedores, o caminho tem sido apostar em caixas mais sofisticadas, capazes de distribuir o conteúdo em vários pontos da casa por meio de Wi-Fi e de sintonizarem e gravarem vários canais simultaneamente.
Patt Esser, presidente da Cox, deu alguns números interessantes sobre a competição com serviços over-the-top. Segundo ele, 40% dos clientes da operadora (que têm cerca de 5 milhões de assinantes assistem pelo menos um filme via Netflix por mês, mas entre 70% e 80% assistem conteúdos no serviço de vídeo on-demand da própria empresa. Além disso, a Cox percebeu que melhorar os sistemas de busca e recomendação de conteúdos impulsiona a audiência. Segundo Esser, cada assinante tinha o hábito de assistir a cerca de 22 canais, em média, por mês. Com a melhoria nos sistemas de recomendação e busca, esse número subiu para 29 canais.
