Estratégia de redes heterogêneas da TIM ainda sofre com falta de definição para small cells

A estratégia de redes heterogêneas (HetNets) da TIM continua, até para sustentar melhor o foco em receitas com dados, mas o andamento não está exatamente a todo vapor. Em seu último balanço financeiro, a operadora destaca o crescimento anual de 47% de sua cobertura com essa tecnologia, mas isso leva em conta os pontos de acesso Wi-Fi para offload do serviço móvel. Enquanto o uso de femtocells começa a engrenar com acessos corporativos, a aplicação de small cells com potência acima de 1W (ou seja, sem o benefício da desoneração regulamentada em novembro do ano passado) se torna mais problemática por conta da taxa de instalação.

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"Com small cells, a situação é diferente do ponto de vista de licenciamento. Existe uma discussão se elas seriam consideradas como macrocélulas, incluindas no Fistel, o que certamente faria com que a implantação fosse mais complicada", contextualiza o CEO da TIM, Rodrigo Abreu, durante teleconferência nesta sexta, dia 1º. Ele explica que, por enquanto, utiliza as small cells "sempre e quando se faz necessário por característica técnica; quando não dá para colocar uma macro ou quando a área é densamente utilizada, e assim por diante". A operadora fechou contrato em abril com a Huawei para a utilização da Micro BTS, solução da fornecedora chinesa com potência de 2W e que suporta MIMO (múltiplas entradas e saídas de sinal) e HSPA+, podendo eventualmente instalar equipamentos para rede 4G em caso de demanda que justifique a implantação.

O anúncio da contratação do ex-diretor de redes da Vivo, Leonardo Capdeville, para o cargo de CTO da TIM, cuidando da área de redes e TI, pode indicar que a ideia é promover uma expansão da estratégia HetNet. Mas a implantação mais ampla ainda depende da pendenga de uma possível desoneração como aconteceu no caso das femtocells, conforme explica Rodrigo Abreu. "O crescimento de número de small cells em velocidade maior certamente se dará quando houver evolução do licenciamento, porque não faz sentido com o custo de Fistel no mesmo custo de uma macrocélula, que tem impacto e capacidade maiores", alega.

No caso das femtocells, como elas já foram beneficiadas pela regulamentação, o processo já está começando. "Com isso, certamente se criaram condições para que (a implantação) seja acelerada; o primeiro uso é basicamente indoor, com aplicabilidade com grandes usuários corporativos, que é o que fazemos", explica Abreu, sem detalhar números sobre as implantações.

"Fechamos um primeiro grande contrato de aquisição de femto no primeiro trimestre, já estamos implantando e isso vira uma parte integrante, faz parte da cobertura e do aumento de qualidade (da rede)", revela. O contrato, anunciado em fevereiro, foi com a fornecedora francesa Alcatel-Lucent para equipamentos 3G com 1W de potência. São três modelos de femto – Enterprise Cell 9362, Homecell 9361 e Metrocell Outdoor 9364 (para até oito, até 16, ou até 32 chamadas simultâneas de voz ou dados) – que utilizarão a banda larga do cliente e serão gerenciadas por gateways que podem conectar até dez mil femtocells. Em se tratando do modelo Metrocell Outdoor 9364, para atendimento externo, a operadora utilizará o próprio backhaul para conectar a antena.

Com o Wi-Fi, a previsão é de mais de dois mil pontos de acesso neste ano, segundo Rodrigo Abreu. A companhia considera esses equipamentos como parte da estratégia HetNet porque eles são usados para offload com smartphones por meio de tecnologia EAP-SIM (autenticação automática no Wi-Fi) e pelo aplicativo da operadora. "As implantações seguem em ritmo acelerado, estamos com outros contratos", diz, sem revelar quais são.

Enquanto isso, as células macro continuam sendo necessárias e a TIM expande sua presença. O número de sites 3G e 4G cresceu de 11 mil ao final de dezembro de 2013 para 13,1 mil no segundo trimestre deste ano. Nesse universo, a empresa conta com 66 cidades com backhaul de fibra até o site (FTTS), número que cresceu 3,5x em um ano. A meta para 2014 é de chegar a cem cidades com FTTS.

Plano industrial mantido

Quanto ao processo de venda de torres, revelado no final de 2013 com o novo plano industrial da Telecom Italia, não há ainda definição. "Está sendo feito o processo formal, começou com o convite a determinados players do mercado, estivemos em reuniões nesses meses com o recebimento de propostas, mas estamos no processo de análise para, obviamente, chegar a uma transação", diz Abreu. "Dizer quando chegaremos a um acordo é impossível, mas está em andamento e de acordo com nosso cronograma. Com isso, seguimos na estratégia de potencial realocação de ativos do ponto de vista de torres para outros ativos".

O CEO da TIM aproveitou a conferência também para esclarecer mais uma vez que não há previsão de mudança no plano industrial de três anos, o que significa que a empresa não trabalha com a hipótese de fusão com a GVT ou de venda para outra controladora. "Cabe mencionar que quando Marco (Patuano, CEO da Telecom Italia) fez declarações sobre isso, ele disse também que não deveríamos comentar sobre especulações. Nosso plano estratégico segue e não deve ter impacto na sua execução", conta.

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