As receitas da TIM sofreram quedas neste segundo trimestre em relação ao mesmo período em 2013, de acordo com balanço financeiro da empresa divulgado no final da noite da quinta-feira, 31. A operadora se defende alegando dois motivos principais para o desempenho: a diminuição de negócios por conta da Copa do Mundo e, principalmente, pelos cortes nos custos de interconexão, a VU-M. No final das contas, o recuo nas vendas afetou o lucro líquido, que mostrou uma queda 5,2% no trimestre, apesar de ter crescido no comparativo semestral.
A receita líquida da operadora caiu 3,4% no trimestre, somando R$ 4,775 bilhões. A TIM alega que, não fossem os cortes da VU-M, a tendência seria de estabilidade no comparativo anual. No semestre, a receita líquida caiu 1,8%, totalizando R$ 9,477 bilhões. A receita líquida de serviços somou R$ 3,984 bilhões nos três meses e R$ 8,084 bilhões nos seis meses, quedas de 2% e 0,8%, respectivamente.
A receita bruta fechou o trimestre em R$ 7,162 bilhões, queda de 3,4%. No semestre, o recuo foi de 1,6%, total de R$ 14,205 bilhões. De acordo com a operadora, o resultado de "negócios gerados", formado pela combinação de ligações efetuadas com uso de dados, obteve um aumento de 4,1% no trimestre, o que "compensou parcialmente o forte impacto causado pelo corte da VU-M e a queda de SMS (receita total de interconexão -29,8% A/A), em meio a uma queda de tráfego devido ao número reduzido de dias úteis em junho causados pelos jogos da Copa do Mundo".
O evento esportivo também foi apontado como motivo da redução de 0,9% na receita de assinatura e utilização entre abril e junho, resultando em R$ 2,751 bilhões. Nos seis meses, no entanto, houve crescimento de 1,5%, total de R$ 5,553 bilhões.
A queda na receita de interconexão foi de 29,8% e 26,2% no trimestre e no semestre, resultando em R$ 637 milhões e R$ 1,403 bilhão, respectivamente. Por outro lado, a receita de serviços de valor agregado (SVA) foi de R$ 1,577 bilhões no trimestre, avanço de 22,2%, e de R$ 3,077 bilhões no semestre, crescimento de 21,3%. A operadora afirma que o desempenho foi devido à “forte adesão de dados e pelo lançamento bem sucedido de novas ofertas”. Somente a receita de conteúdo e outros serviços subiu mais de 70%, de acordo com a empresa, que não discriminou o montante. Com isso, os usuários de dados chegaram a 39% da base total, aumento de 7 pontos percentuais (p.p.).
No total, as receitas de serviços móveis somaram R$ 5,794 bilhões no trimestre e R$ 11,752 bilhões no semestre, queda de 1% e aumento de 0,6%, respectivamente. As receitas do serviço fixo (que incluem operações da Intelig, TIM Fixo e Live TIM) registraram queda de 22,3% e 23,5%, totalizando R$ 220,9 milhões e R$ 442,5 milhões no trimestre e semestre, respectivamente. Segundo a operadora, trata-se de uma redução de queda registrada em outros trimestre, o que foi conseguido por conta do processo de reestruturação da Intelig. A receita bruta da venda de aparelhos caiu 10,1% no trimestre, totalizando R$ 1,148 bilhão, reduzindo a venda de dispositivos em 16,1% no período, total de 2,956 milhões de unidades. No semestre, essa receita foi de R$ 2,010 bilhões, recuo de 7,6%.
A receita média por usuário (ARPU) fechou junho em R$ 17,3, recuo de 4,5% também atribuído ao corte da taxa de interconexão. O minutos de uso (MOU) chegou a 137 minutos no trimestre, queda de 6,9% atribuído à queda de tráfego entrante e de longa distância.
Efeitos
Se a VU-M foi uma das vilãs, é importante notar que ela também trouxe efeito positivo: os custos no trimestre para rede e interconexão foram de R$ 1,101 bilhão, um recuo de 23,5% impactado justamente por esse corte na tarifa, além da redução de tráfego off-net de voz e SMS. No semestre, os gastos foram de R$ 2,205 bilhões, diminuição de 17,5%. A TIM ainda destaca que no período assinou um acordo com a OI, "que regerá os preços para futuras linhas alugadas".
A empresa registrou lucro líquido 5,2% menor no trimestre, mas 6,7% maior no semestre, somando respectivamente R$ 365,6 milhões e R$ 737,7 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) ficou em R$ 1,331 bilhão no trimestre, aumento de 8%. No semestre, o avanço foi de 7,8%, total de R$ 2,648 bilhões. A margem EBITDA cresceu 2,51 p.p. e fechou o período em 27,9%. A TIM diz que uma melhor margem de contribuição, em especial de SVA, promoveu esse crescimento.
A dívida líquida da empresa ficou em R$ 1,031 bilhão em junho, redução de 48% no comparativo anual. A relação dívida líquida/EBTIDA chegou à proporção de 0,19x, contra 0,39x no ano passado.
A empresa afirma ter investido R$ 1,657 bilhão nos primeiros seis meses do ano (sendo 94% somente à infraestrutura), aumento de 4%. No trimestre, o Capex foi de R$ 1,044 bilhão, redução de 7% em relação ao ano anterior.
Dados operacionais
A base de pré-pago continua a ser a imensa maioria (83,5%) da operadora, com 61,963 milhões de acessos, um aumento de 1,9% em relação ao segundo trimestre de 2013. Desse universo, mais de 60 milhões (ou 96,9%) são de acessos vinculados ao plano "Infinity Pré".
A base pós-paga é de 12,239 milhões, aumento anual de 7,4%. Nos três meses, o aumento foi de 10 mil acessos, o que foi classificado como um "número tímido" pela própria empresa. Desse total, 10,4 milhões são de acessos com dados (que a empresa assume ser de smartphones), um aumento de 10,7%. A empresa tem 30,2 milhões de acessos 3G (aumento anual de 76,5%) e 990 mil acessos 4G (aumento de 46,5% em relação ao primeiro trimestre deste ano). A base de conexões máquina-a-máquina (M2M) aumentou 1,4% e fechou junho com 1,3 milhão de usuários, enquanto os acessos de terminais de dados e tablets caiu 23% e totalizou 592 mil conexões.
As adições líquidas da empresa caíram 70,3% no período, fechando junho com 286 mil novos acessos graças à "política de desconexão austera". No entanto, o churn se manteve estável em 12,3%.
Já a Live TIM terminou junho com aproximadamente 100 mil usuários, um crescimento de 20,2 mil novos clientes, segundo a companhia. A maioria (não discriminada) possui acesso de 35 Mbps. A empresa firma ter 14,3 mil homes-passed (contra 6,3 mil no ano passado), cobrindo 1,2 milhão de clientes em São Paulo e Rio de Janeiro. Desses, a empresa considera 690 mil como clientes potenciais (contra 315 mil no 2T13).
Infraestrutura
A TIM cobre 3.429 municípios no País, sendo 1.175 com cobertura 3G, prometendo um aumentar o ritmo de implantação no segundo trimestre. No 4G, a operadora afirma cobrir 35,6% da população. A empresa ainda adicionou 102 novos pontos de acesso Wi-Fi no trimestre, com o serviço disponível em 22 aeroportos de 13 estados.
O projeto de fibra até o site (FTTS) foi reestruturado neste ano e incluiu mais 31 cidades no plano, além dos 5% de cidades que sobraram do plano de 2013. A meta é chegar até cem cidades com FTTS até o final do ano. Com isso, aliado a transporte com links de micro-ondas, a empresa levou banda larga móvel em 66 cidades no trimestre. A operadora destaca ainda que o plano FTTS deverá incluir as redes heterogêneas (HetNets), mas não detalha números ou previsões.
No comunicado, o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, ressaltou a realização provável do leilão da faixa de 700 MHz no início de setembro. Ele confirma a intenção de participar do certame ao afirmar que segue "com todos os passos necessários para a participação e aquisição desse importante conjunto de recursos para a expansão de nossa presença no mundo de dados".