Para Sandro Tavares, diretor de marketing para o setor de telecomunicações da Dell, as operadoras de telecomunicações ainda precisam, elas mesmas, concluir seus processos de transformação digital. Ess Estratégia é essencial para que elas possam explorar o máximo potencial do 5G junto ao mercado corporativo; para que possam adotar, nu futuro, arquiteturas OpenRAN reduzindo custos; e para extrair as melhores vantagens da automação de processos por meio da Inteligência Artificial.
"As operadoras ainda não foram de ponta a ponta nesse processo de transformação. Cloud é um processo complexo, tem um investimento inicial que preciso ser levado em consideração, mas mais do que a questão de capex e maturidade tecnológica, é precisa mudar o workflow, mudar o modo de operação da empresa", disse o executivo, em entrevista a este noticiário durante o MWC 2024, que aconteceu esta semana em Barcelona.
Sandro Tavares diz que apesar de as tecnologias estarem no DNA das empresas, "elas precisam de uma reengenharia de processos", como acontece com qualquer grande estrutura empresarial quando passa a enfrentar o dilema da transformação digital. "Do ponto de vista de operadores que começaram digitalmente, a Dish é um grande exemplo. A digitalização mudou completamente a forma da empresa atuar. Ela tem hoje 70% de cobertura no território americano e uma rede cloud native do zero, que já veio sendo montada para atender aplicações enterprise" , diz Sandro Tavares. O foco deles, diz, é conectar empresas, "e sem o legado acaba sendo mais barato".
Requisito para a entabilização
Para o executivo da Dell, o desafio do 5G e da sua rentabilização é a forma como ele foi implementado. "Ele começou como banda larga móvel, e isso traz os mesmos problemas: trafego explodindo, competição de preços entre empresas… Precisa trazer novos serviços com aplicações privativas, mas para isso precisa de processos digitais e de uma estrutura. Se voc? não tem isso, você fica travado e acaba caindo no conforto de ir para a oferta de conectividade", analisa. "É uma questão de mind-set. A gente tem trabalhado com operadores em todo o mundo nesse sentido para mudar. Não é um processo natural das operadoras" , diz. A Dell tem como foco o processo completo de virtualização das empresas, justamente para que seu negócio principal (a venda de servidores) prospere.
A empresa sempre foi uma forte defensora do Open RAN, mas reconhece que hoje a implementação é pontual, com cases como o da Vodafone, " mas isso vai mudar com a AT&T, que vai ter uma arquitetura única. Isso vai trazer um pouco mais de tração e mudança de comportamento" . Ele diz que ainda existe um trabalho para ser feito entre os fornecedores para entregar tudo e chegar nos picos de performance das redes single RAN, e reconhece que não será uma tarefa simples, mesmo com dezenas de parceiros certificados, testes etc.
Já em relação ao Open Gateway, com a abertura de APIs de redes pelas operadoras, ele vê como fundamental as redes baseadas em cloud e afirma que o Open Gateway de fato abre o espaço para novos players desenvolverem software para telecom. "Precisamos ter competitividade no Brasil e isso pode ser impulsionado com APIs unificadas, o que impulsiona a indústria local conectada com o mundo", conclui.