A Vicom, controlada pela Comsat, foi a empresa vencedora, por um lance de R$ 283 milhões, do pregão eletrônico da Caixa Econômica Federal (CEF) para a prestação de serviços de telecomunicações e transmissão de dados das 9 mil casas lotéricas de todo o País. O pregão foi um dos mais disputados da CEF, com quase 12 horas de duração e 360 lances. O contrato é de 60 meses e o preço final representa uma economia de 46% em relação ao valor inicial de R$ 522 milhões, sugerido pela CEF no edital do leilão.
Luiz Roberto Veiga de Sá, presidente da Comsat, afirma que a conquista do contrato da CEF é resultado da política de expansão da empresa. Essa expansão teve início com aquisições (Vicom, no Brasil; GBnet, na América Central; e a disputa pela AT&T Latin America, perdida para a Telmex) e continua, agora, com a batalha pelo mercado de transmissão de dados e de telecomunicações. ?Ainda estamos olhando aquisições, mas temos que conquistar mercados?, afirma Sá. A Comsat investiu US$ 300 milhões nos últimos anos no Brasil e, segundo o presidente, é a principal subsidiária da Comsat International. Com os contratos recém-conquistados ? da CEF e do projeto de inclusão digital do governo federal (Gesac), que totalizam quase R$ 400 milhões -, a Comsat do Brasil deve subir muito em termos de geração de receita para a Comsat International, afirma Sá, que não revela o percentual geral da subsidiária no Brasil.
O presidente da Comsat estima que a infra-estrutura para a CEF estará instalada num prazo inferior a 18 meses e o fornecimento deve envolver uma solução mista, entre satélite e outros meios. ?Mais de 50% da nossa receita vem de outros meios, e não do satélite?, afirma.
Pregão
Este foi o quarto e último pregão da CEF para a realização de serviços lotéricos, num montante estimado em R$ 1,3 bilhão. Desse quarto pregão, participaram seis empresas e consórcios – o consórcio Integração Lotéricas CEF, das teles fixas Brasil Telecom (BrT), Telefônica e Telemar com as empresas de serviços especializados MetroRED (controlada pela BrT) e Pegasus (controlada pela Telemar); a Vicom/Comsat; o consórcio VSat, formado pela Fia Telecom e Telsat; a Embratel; a PrimeSys, do grupo Portugal Telecom; e a Impsat. Essas três últimas empresas foram desclassificadas no decorrer do pregão por causa dos altos preços apresentados.
O primeiro pregão foi realizado no dia 24 de janeiro e formalizou a contratação da empresa que será responsável pela armazenagem e entrega dos insumos. A proposta vencedora ficou 15% abaixo do valor estimado originalmente pela CEF.
A CEF aguarda, ainda, a avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU) para dar prosseguimento a outros dois pregões das lotéricas ? o referente a bobinas e volantes, e o de aquisição de equipamentos. Até agora, com dois pregões realizados, a CEF economizou R$ 245 milhões em relação ao preço inicial.
Gtech
O novo contrato de prestação de serviços de telecomunicações e transmissão de dados, que começa a ser implantado em maio deste ano, prevê um custo mensal fixo, independentemente do número de transações realizadas ou jogos vendidos, ao contrário do atual modelo, que remunera proporcionalmente a quantidade de transações efetuadas. A empresa que faz o processamento atualmente é a norte-americana Gtech, que presta todos esses serviços para a rede de lotéricas desde 1997. A Gtech foi relacionada ao escândalo do ex-assessor do governo, Waldomiro Diniz, e não participou deste leilão. O contrato da empresa vigora até maio deste ano e a CEF deve trabalhar com a Gtech ainda por 12 meses, num contrato de transição para a migração dos atuais sistemas para os novos.
Em comunicado, a empresa informou que decidiu não participar das licitações da CEF baseada em vários fatores: suas soluções técnicas não estão contempladas no modelo de licitação, que prioriza produtos de forma separada e não dentro de uma visão integrada; o modelo fracionado e o sistema de pregão (menor preço) são fatores de risco por não assegurarem a qualidade técnica para uma operação de tal complexidade; e a iniciativa do Ministério Público de acionar a empresa na Justiça resultou na retenção de 30% do faturamento da Gtech no Brasil.
A empresa afirmou ainda que tem ?o compromisso de apoiar a migração da CEF para um novo modelo de negócios na operação de sua rede lotérica e que está à disposição para iniciar as negociações para um novo acordo de suporte à integração de novos produtos e serviços e ajudar a CEF a desenvolver capacidades de processamento do sistema central atualmente fornecido pela Gtech Brasil".