Demarco diz que e-mails obtidos pela Kroll podem ter sido furtados

O empresário Luiz Roberto Demarco, vítima de espionagem ao lado do hoje ministro Luiz Gushiken no escândalo envolvendo a Brasil Telecom e a Telecom Italia, divulgou nota à imprensa confirmando que os e-mails trocados entre ele (Demarco) e Gushiken, em 2000 e 2001, podem estar entre um lote de 4 mil mensagens e documentos roubados de seu escritório em 2001.
Demarco confirma a informação de que já em 2001, ao tomar conhecimento por meio da revista Carta Capital de que a Kroll poderia estar envolvida no episódio do furto de seus documentos e e-mails, procurou a alta direção da empresa para obter esclarecimentos. Segundo Demarco, a Kroll nunca se manifestou. Em nota, o empresário diz que repudia "com vigor e indignação as ações de espionagem realizadas pela empresa Kroll e seus contratantes" e que pretende "tomar todas as medidas criminais e cíveis cabíveis contra os infratores, no Brasil e no exterior, incluindo, mas não limitado, a considerações relativas à Lei Sarbannes-Oxley, que prevê severas punições a executivos de multinacionais americanas em virtude de ilegalidades cometidas por suas subsidiárias no exterior".
Vale lembrar que Demarco tem diversas disputas judiciais contra o Opportunity, de Daniel Dantas. Não está claro ainda, nem a assessoria de Demarco informa, se alguma ação contra o Citibank, cuja participação na Brasil Telecom é gerida por meio do Opportunity, poderia ser tomada no episódio de espionagem e nas eventuais medidas judiciais que estão sendo anunciadas pelo empresário. A Telecom Italia também tem planos de acionar judicialmente a Brasil Telecom e a Kroll pela espionagem.

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Dentro da lei

A Kroll, em novo comunicado à imprensa, diz que não é "uma empresa de espionagem", não faz grampos telefônicos nem invade computadores "de ninguém". Diz ainda que nunca investigou qualquer autoridade do governo brasileiro e que "os nomes citados na matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo de 22 de julho aparecem em um contexto totalmente alheio ao âmbito do projeto de suporte ao litígio entre a Brasil Telecom e a Telecom Itália". A empresa informa ainda que "há quase três anos, a Kroll recebeu os e-mails citados na reportagem de 22 de julho no contexto do processo de divórcio litigioso entre o senhor Demarco e sua então esposa, Maria Regina Yazbek" e diz que "este fato é de conhecimento público, sendo inclusive noticiado em diversas reportagens à época".
Segundo a assessoria de Demarco, os e-mails trocados com Gushiken podem estar entre os que foram roubados do escritório do empresário, mas não há notícias de que estejam em nenhum documento público. O único registro público dos e-mails roubados é o laudo do inquérito da Polícia de São Paulo, que localizou 200 dos quatro mil e-mails roubados nos computadores da ex-mulher de Demarco. Entre esses 200 e-mails não estão os relatados na reportagem da Folha de S. Paulo e que constam no relatório da Kroll.
A empresa Kroll diz que os trabalhos desenvolvidos por ela "visavam exclusivamente apurar as possíveis irregularidades da Telecom Italia que pudessem prejudicar a administração da Brasil Telecom". Há três anos, a Telecom Italia era acionista e controladora da Brasil Telecom, que admite ter contratado a Kroll. Portanto, a BrT contratou uma empresa para investigar um acionista controlador.
Segundo a Kroll, "em nenhum momento ficou evidenciado que o governo tivesse envolvimento em qualquer tipo de ação referente ao caso".
Demarco contesta a versão da Kroll e solicita que a empresa "apresente imediatamente o número do processo e as respectivas páginas nos quais se encontrariam os e-mails enviados pelo atual ministro Luiz Gushiken a minha pessoa". Segundo ele, "no laudo pericial n. 01/090/18817/2001 do IP 597/2001, que periciou os computadores de Maria Regina Yazbek após apreensão policial em sua casa e empresa, não constam os e-mails referidos pela empresa Kroll".
Ele lembra ainda que a Revista Carta Capital de 4 de julho de 2001 revela um comprometedor envolvimento da subsidiária da Kroll no Brasil, Maria Regina Yazbek, José Luiz Galego Júnior e o Opportunity. Segundo ele, "caso a Kroll não apresente a comprovação da existência desses e-mails em um processo jurídico de três anos atrás, devidamente numerado e registrado, tal fato comprovaria ilegalidades merecedoras de profunda investigação por parte da Justiça".

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