Teles fixas repassam R$ 6 bilhões por ano para as móveis

O custo da conta de interconexão ficou em R$ 6 bilhões o ano passado para as operadoras fixas, segundo o diretor de atacado da Telemar Norte Leste (TNL), Marcelo Pereira. A TNL é a holding da Telemar e da Oi. Somente para a Telemar, o custo de interconexão das tarifas de uso de rede móvel (VU-M) foi de R$ 2,5 bilhões. O diretor da TNL disse que as teles fixas iniciarão a livre negociação para o próximo reajuste, em junho, mas que a Anatel já deixou claro que somente interferirá nesse processo a partir do ano que vem.

Radical

Pereira diz que, na verdade, algumas operadoras já estão abertas à negociação mas outras, como a Vivo, que é a maior operadora do País, naturalmente colocam-se numa posição mais radical e conservadora. A Vivo, segundo o vice-presidente de regulamentação e relações institucionais, Carlos de La Rosa, revida o argumento das fixas e diz que as incumbents faturam 40% apenas com a assinatura básica. Do ARPU (receita média por assinante) das móveis, de R$ 20, segundo de La Rosa, R$ 16 são para interconexão (de fixas e móveis) e apenas R$ 4 são para chamadas de usuários. ?A interconexão é fundamental para cobror os custos do pré-pago?, afirma. ?Por que as fixas não rejeitam contas a cobrar e o código de seleção de prestadora??, questiona de La Rosa. O vice-presidente da Vivo provoca: ?Cerca de 46 milhões de usuários (na verdade, 49 milhões de usuários de serviços móveis, até o final de março) podem ser usuários da telefonia sem a necessidade das fixas?. De La Rosa diz que não dá para ir para a mesa de negociação e ficar de um lado pedindo por um valor de R$ 0,22 e do outro, de R$ 0,44. ?Não vai levar a lugar nenhum.?

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Modelo

Marcelo Pereira, da TNL, propõe um modelo em que ambas as teles ? fixas e móveis ? dividam os custos entre si. ?Nós temos que avaliar o que o cliente gasta, o que ele custa e dividir entre as operadoras?, afirma. Para ele, a Anatel está fazendo a universalização de um serviço em detrimento do outro. Pereira concorda que as móveis atingem as classes A, B, C e D. Mas, diz, a classe E é atendida apenas pelas fixas, com os terminais públicos (orelhões).
O executivo reclama que, desde a privatização, em 1998, a tarifa para o usuário tem sido corrigida em 12% e a de interconexão em 13%. ?Faça essa conta anual e veja o custo?, diz. Uma tarifa ideal de interconexão seria, para Pereira, entre R$ 0,34 e R$ 0,35. ? Como teto, e não com o piso. E não o que cobram as operadoras de banda A, entre R$ 0,44 e R$ 0,45?.
Marcelo Pereira, da TNL, e Carlos De La Rosa, da Vivo, participaram do seminário Competição e Universalização: o que falta resolver, promovido pela Converge Eventos nesta terça-feira, 27, em São Paulo.

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