Evolução do 5G: das expectativas iniciais à realidade desafiadora

5G
Foto: Pexels

O avanço do 5G no Brasil é real. O alcance já é maior, inclusive, atualmente, do que o proposto pelas metas estabelecidas para 2023 no leilão do 5G. E o uso da tecnologia deve continuar a se expandir pelo país. Mas ainda há um longo caminho pela frente.

As projeções indicam que, até o final de 2023, existirão mais de 1,5 bilhões de celulares no mundo, com mais de 20 milhões no Brasil. A projeção é de que, em 2026, já se tenha uma base de smartphones 5G maior do que a de 4G, informou Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco, que participou nesta quarta, 30, do 5G Brasil Summit 2023. 

No entanto, ainda há desafios. A cobertura hoje ainda não atingiu todo seu potencial, já que os consumidores contam com um 5G de boa qualidade, mas pontual. Se adicionado o critério de estabilidade do sinal, em caso de deslocamento, exemplo citado por Tude, percebe-se a necessidade de melhorias na cobertura.

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O 5G para a Vivo

A Vivo tem 5G em 112 cidades atualmente, e já alcança 40% da população após um ano. Mas, segundo o gerente sênior de tecnologias de rede da Vivo, Celso Valério, a implementação da tecnologia continua em evolução.

A tecnologia 5G foi lançada com a expectativa de cumprir três atributos principais: banda larga móvel de baixa latência, com alta confiabilidade e o que se chama de "massive machine type communication". 

A prática, para Valério, a realidade mostrou outra coisa. "A gente tem uma rede em que cada um desses conceitos se entrelaça, podendo oferecer serviços baseados em um desses pilares apenas ou em todos eles. Além da necessidade de garantir a eficiência e a entrega de uma maneira dinâmica, correlacionada e complexa", destacou.

Toda a arquitetura de rede, por exemplo, vem sendo reformulada há muito tempo para se adequar e oferecer soluções de qualidade, diz Valério. É preciso ainda continuar a melhorar a confiabilidade, alavancar também o IoT, a indústria, os aplicativos, tornar os recursos de localização mais precisos para que as aplicações baseadas nessa necessidade se tornem mais apuradas. Estes foram algumas das próximas etapas a serem vencidas, segundo o executivo da Vivo.

Os desafios principais, em sua opinião, estão relacionados aos custos dos dispositivos, ainda relativamente altos, e também dos sensores. "É fundamental massificar e trazer o ganho de escala para que os custos caiam e o serviço e viabilizar as ofertas mais competitivas para os clientes", declarou. 

Parcerias

A TIM iniciou seus projetos com o 5G em 2019. Além disso, desde o leilão das frequências de 5G, a companhia vem trabalhando com metas mais agressivas. "Essa nossa posição acabou sendo consolidada ao conseguirmos ter realmente uma cobertura diferenciada, uma qualidade diferenciada", declarou Atila Xavier, diretor de arquitetura e evolução tecnológica da TIM. 

Desde que começou a trajetória com o 5G, a TIM já trabalhou em diversos casos práticos em parceria com outras entidades. Como exemplos, Xavier citou o projeto "Favela 3D" com a Gerando Falcões,  e outro com o Instituto Valquíria para cobertura da região.

Outra iniciativa se deu como fruto de sua parceria com o Rock in Rio. "A gente fez questão de oferecer a melhor experiência possível de conectividade pros nossos clientes. Então, eles puderam desfrutar de mobilidade para poder compartilhar conteúdos receber conteúdos dentro da área do festival". 

5G na indústria 4.0

No que diz respeito à indústria 4.0, tecnologias precisam estar integradas de forma avançada e colaborativa, apontam os especialistas. Essa é uma oportunidade muito palpável para 5G, tendo em vista, principalmente, que a maior largura de banda e baixa latência podem impulsionar melhorias industriais. 

Alcançar produção industrial customizada, grande integração entre projeto e produção, redução de logística, predição e prevenção de falhas de todo um maquinário sensorizado são alguns dos objetivos atuais da indústria. Mas, para que tudo isso aconteça, a conectividade é essencial.

"Um primeiro desafio é a infraestrutura e o ecossistema necessário para essa conectividade. São diversos elementos sensores na indústria, motores, robôs, tudo isso conversando com internet", explicou Zaima Milazzo, VP de tecnologia, evolução digital, agilidade e inovação da Algar Telecom.

Além disso, é preciso alcançar ainda uma baixa latência, alta confiabilidade, trabalhar diferentes categorias de serviço para diferentes tipos de dispositivos e lidar com a segurança da informação. O 5G seria, então, uma solução possível para todos esses desafios da indústria 4.0, diz ela. "(O 5G) atende todos os requisitos básicos de conectividade e resolve os problemas e as dificuldades da conectividade no início, depois a arquitetura de computação de borda junto com fatiamento de rede que é inerente dessa tecnologia", defendeu Milazzo.

Redes privativas em 5G

Uma rede privativa é um sistema de conectividade privada para o uso específico de uma companhia, com a possibilidade do uso licenciado do espectro de radiofrequência. 

Para uma rede privativa ter qualidade, são necessários alta flexibilidade, desempenho e confiabilidade, lembraram os especialistas. Além de uma segurança aprimorada. Tudo isso se relaciona com outros diversos outros temas relevantes, como a própria indústria 4.0, IoT, nuvem entre outros.  Em se tratando das demandas da indústria 4.0, que precisa de monitoramento em tempo real, aumento da eficiência, redução de custo operacionais, estes "são demandas que as redes privativas em 5G podem atender com facilidade", de acordo com Felipe Rangel Bayeux, engenheiro prospecção tecnológica da Claro.

Essas questões todas são levantadas em busca de melhoria da eficiência operacional e inovação e competitividade para o mercado. E tudo também é facilitado pela tecnologia 5G. 

"Em saúde, telemedicina, vemos a mesma coisa. Operações remotas que demandam baixa latência, comunicação segura e compartilhamento de dados com redes mais seguras. É lógico que se você pode ter redes privativas de alta confiabilidade e alta segurança, é muito melhor do que contar com as redes públicas", acrescenta Bayeux. 

É preciso ainda considerar os riscos relacionados às redes privativas. Os principais são as complexidades técnicas intrínsecas e a questão do custo em comparação ao LTE (4G). 

Mas o executivo da Claro destacou em sua apresentação que a melhor arquitetura deve ser estudada, a fim de solucionar o primeiro risco. E nem sempre as redes privativas em 5G serão a melhor solução para todos os clientes, diz. 

Vendas diretas da solução pelos fornecedores também são um exemplo dos problemas a serem enfrentados para quem quiser oferecer redes privativas, já que com o desenvolvimento das soluções o core pode agora ser embarcado e fornecedores podem terceirizar a infraestrutura.

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