A expectativa de que falta de crédito no mercado e de que boa parte das empresas de telecomunicação poderá ter dificuldade para investir como conseqüência da crise financeira mundial deu novos argumentos para que executivos e empresários questionassem o deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ) durante a Futurecom. Não só pelo fato de ser da base do governo, como também pelos projetos que estão pendentes de votação. Principalmente o PL 29, com novas regras para mercado de TV por assinatura, que Bittar ainda acredita que será definitivamente votado pela Câmara até o final do ano.
É bom lembrar, porém, que mesmo com chances teóricas de que o PL 29 seja votado pela Câmara dos Deputados neste ano, a dificuldade prática aumenta pelo fato de a Comissão de Defesa do Consumidor ainda sequer ter realizado as três audiências públicas que deveriam ser agendadas antes do relatório final.
O deputado frisou que a crise poderá se refletir de modo mais perverso sobre a população, com aumento da taxa de desemprego causada pela desaceleração econômica."Há riscos, mas também grandes oportunidades. Precisamos trabalhar com sensatez e segurança, mas colocando à frente o espírito empreendedor", disse.
Menor arrecadação
Em outro painel durante a Futurecom, o diretor de planejamento executivo da Oi, João de Deus, disse que a crise o deixa menos otimista sobre o pleito do setor de telecomunicações de conseguir baixar impostos, ou que sejam liberados recursos do Fust para novos projetos. "Com a redução da atividade industrial e menor consumo, o setor público terá menor arrecadação e não vai diminuir impostos ou liberar recursos", afirma. Nesse momento, em sua opinião, o setor de telecom terá que usar a criatividade para incentivar investimentos do governo na redução de custos internos, tirando proveito das telecomunicações.
Sobre o incentivo à banda larga, o executivo afirmou que a população brasileira tem muitas outras necessidades básicas não atendidas antes de se pensar em levar fibra óptica a mais domicílios, mas que o programa de conexão das escolas deveria ser uma das prioridades das políticas públicas.