O presidente da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), Fadi Chehadé, esteve reunido por mais de duas horas com o ministro Paulo Bernardo nesta quarta, 28. Na saída da reunião, Chehadé disse a este noticiário que discutiu com Bernardo ideias ainda muito iniciais de como tornar realidade o resultado do evento NetMundial.
Na verdade, desde o evento a ICANN tem trabalhado em uma definição mais apurada de como seria uma governança multistakeholder. Nos últimos seis meses, a entidade se reuniu remotamente e presencialmente em Dubai e conseguiu definir uma estrutura de governança da Internet, mas Chehadé reconhece que parte importante desse estrutura ainda está faltando, o chamado mapeamento da solução.
"O que está faltando hoje é o segundo passo dessa estrutura. Existem quatro elementos da estrutura, o segundo elemento é chamado mapeamento da solução. Está realmente faltando. Estou pensando em como resolver isso", disse ele.
Chehadé deu um exemplo para explicar o que seria esse mapeamento da solução. "Você é o governo de Ruanda, por exemplo, e você diz: preciso fazer uma política para pessoas que praticam bullying contras crianças na Internet. Quem tem uma política sobre isso no mundo? Alguém tem? Funciona? Não funciona? Posso aprender com eles? Posso encontrá-los? Isso é mapeamento. Multiplicado por todas as questões da Internet, técnicas e não técnicas. Isso está faltando".
O mapeamento da solução é o segundo de quatro elementos que compõem a nova estrutura de governança proposta pela ICANN. O primeiro deles é identificar a questão a ser solucionada, o que de certa forma, explica ele, já é feito nos fóruns existentes hoje, como o Internet Governace Forum (IGF). Depois, é preciso mapear a solução e, posteriormente, deve-se aglutinar as organizações de interesse nos Distributed Governance Groups (DG Groups).
Por fim, o quarto elemento – chamado de enablers – diz respeito à implementação da solução. "Os DG Groups encontram a solução, mas não têm força para implementá-la, o que nos leva ao quarto elemento, que é quem implementa a solução. Podem ser governos, voluntários, empresas, ambos, depende do caso", afirma ele.
"A ideia da estrutura é única. A estrutura deve incluir muitas organizações distribuídas, mas o que as une são os princípios comuns do NetMundial. Nós não devemos ter uma instituição para fazer toda a governança da Internet. Isso seria um retrocesso. Nossa ideia é o que chamamos de estrutura colaborativa descentralizada de governança da Internet, com grupos de governança distribuídos que resolverão diferentes questões", explica Chehadé.
