Citi e fundos foram surpreendidos por acordo dos italianos

Citibank e fundos de pensão foram pegos de surpresa pelo acordo entre a Telecom Italia e o Opportunity anunciado nesta quinta, 28. E tudo indica que não será tranqüilo o desenrolar das relações entre italianos, fundos de pensão e Citi daqui para frente. O banco norte-americano e os fundos de pensão só ficaram sabendo do acerto de Dantas com os italianos nesta quinta, pela manhã. Consideraram, nas leituras preliminares, que Dantas cometeu uma série de possíveis irregularidades na forma como negociou com a Telecom Italia, e não se descarta mais um complicador na já longa novela de brigas jurídicas envolvendo os acionistas da Brasil Telecom.
O primeiro ponto polêmico é se Daniel Dantas poderia ou não ter negociado a fusão entre a TIM e a Brasil Telecom GSM. De acordo com o despacho da Justiça de Nova York, de 17 de março, ele estava expressamente proibido de entrar em qualquer transação que tivesse impacto no valor do fundo ou dos ativos do fundo CVC/Opportunity Equity Partners LP (CVC LP), que é acionista da BrT e onde está o dinheiro do Citi. E a Brasil Telecom é evidentemente um desses ativos.
Outro problema foi a própria volta dos italianos ao bloco de controle, já que isso implica a transferência de ações da Techold (onde está o CVC LP) de volta para a Telecom Italia. O acordo de acionistas de 2002 previa que os italianos voltariam a ter essas ações, mas até então o Opportunity não estava concedendo esse direito, alegando que se criariam complicações regulatórias.

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Outro problema em potencial é em relação às ações da Brasil Telecom, que a Telecom Italia comprou ou se comprometeu a comprar do Opportunity. O comunicado dos italianos diz que são as ações da cadeia de controle. Se forem as ações que o Opportunity Fund tem dentro do Opportunity Zain, como dá a entender o próprio fato relevante do Opportunity Zain, há o problema da preferência. Citibank e fundos de pensão, que são acionistas do Zain, teriam direito ao exercício na compra destas ações. Agora, o preço ficou estabelecido pela Telecom Italia, que assim salvou Dantas de ter que negociar essas ações em condições desvantajosas.
Fora isso, estima-se que o Opportunity tenha, hoje, quase 10% das ações ordinárias da Brasil Telecom que foram adquiridas ao longo do tempo no mercado aberto. Compras estas que não foram informadas ao mercado nem à CVM e que não se sabe se o Opportunity poderia ter. Estes papéis também estão incluídos nas compras que a Telecom Italia fez e pelas quais se dispôs a pagar quase R$ 1 bilhão, ou o equivalente a ? 291 milhões. Os outros acionistas minoritários da Brasil Telecom terão direito a receber o mesmo valor? Vale lembrar que os fundos de pensão têm, declaradamente, ações compradas em bolsa na Brasil Telecom.
O que se percebe nos bastidores é que há uma situação de atrito entre Telecom Italia e Citibank. O Citi estaria jogando duro com os italianos nas negociações, retardando o processo e criando uma situação desconfortável. Por outro lado, a única opção de Daniel Dantas era negociar com a Telecom Italia para conseguir receber um valor pelas suas ações com prêmio de controle, e pelos montantes divulgados foi isso o que aconteceu. A Telecom Italia também recuperou alguma vantagem na negociação daqui para frente. A questão é: Citibank e fundos de pensão precisam vender suas posições na Brasil Telecom até 2007 (quando vencem os prazos de investimentos dos fundos). Para quem? Os italianos são ainda os principais candidatos à compra, mas não têm mais urgência de resolver a situação porque estão de volta à companhia.
Ao recomprar sua posição no controle da Brasil Telecom, a Telecom Italia ganhou aparentemente uma nova condição para negociar com Citi e fundos de pensão.

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