A Fator Corretora, novamente contra a onda do mercado, acredita que o imbróglio
entre os sócios da Brasil Telecom deve prejudicar as ações do grupo. Victor Martins do Banco Safra concorda dizendo que a empresa tem pela frente 18 meses de incertezas, já que esse é o prazo dado pela Anatel para que os sócios se entendam.
Pelo comportamento das ações da Brasil Telecom até aqui observado na Bolsa de Valores de São Paulo, os investidores parecem traçar uma linha divisória entre os problemas societários e a operação da empresa: do dia 22, quando soube-se que o Opportunity não aceitaria a volta da Telecom Itália ao grupo de controle da empresa, até esta quarta-feira, 28, as ações da operadora (BRTO4) caíram 2,15%, enquanto as da holding (BRTP) subiram 8,53%. É uma opção delicada porque tanto a holding quanto a operadora não estão protegidas das disputas.
Ocorre, porém, que a Telecom Itália tem reconhecido pela Anatel o direito de retomada de sua parcela no controle. Os italianos, que ainda contam com a simpatia do governo federal e apoio dos fundos de pensão, devem continuar reagindo. O que equivale a prever uma gangorra no valor das ações, conforme o andamento do processo na Justiça.
Para complicar a situação, o Opportunity procura criar uma situação de fato acelerando a montagem da sua operação de telefonia móvel. Se a Telecom Italia ganhar a disputa na Justiça, essa operação, em tese, teria que ser interrompida.
O fato é que mesmo os analistas mais otimistas, por conta dos conflitos, vêm descontando do valor das ações nunca menos de 14%. Os mais pessimistas beiram os 19%. É tão embaraçosa a situação que a maioria das publicações de análise do setor emitidas esta semana já deixaram o assunto de lado.