Visando expandir a comunidade de desenvolvedores no setor de comunicações espaciais e aproveitando o novo fôlego no setor satelital com a revolução tecnológica, a operadora de satélites Inmarsat está investindo em um ecossistema para aplicações, batizado de Inmarsat World. A ideia é se basear no que ocorreu com os dispositivos móveis após a introdução dos aplicativos, mas desta vez voltada a serviços para o mercado corporativo.
Segundo o CTO da companhia, Michele Franci, o conceito de loja de apps (como a Google Play ou AppStore) não é exatamente uma analogia correta, uma vez que compõe soluções standalone com menor escala e "significativamente mais valor por usuário". Ele cita como exemplos aplicações satelitais da companhia norte-americana Nuve, que utiliza aplicação para monitorar o consumo e roubo de diesel em caminhões por meio de combinação das tecnologias GSM e satélite. "Não é um aplicativo, mas uma solução integrada que, uma vez instalada, vai servir os clientes por anos e aumentar a receita da Nuve de maneira consistente", declara.
Outro exemplo é o da Bitcliq, empresa baseada na Europa e que desenvolve um mercado virtual para pescadores venderem os peixes no atacado para clientes internacionais. Nesse modelo de negócios, a Inmarsat entra com a distribuição global em canais e desenvolvedores – ou seja, o Inmarsat World.
Tecnologias
O executivo explica que as mudanças recentes no mercado de satélites, como a chegada de foguetes reutilizáveis da SpaceX ou as crescentes frotas de satélites de alta capacidade (HTS), podem ajudar na popularização das aplicações. "A palavra-chave é a acessibilidade", diz. "Novos valores e eficiências serão criadas e desenvolvedores que estiverem dispostos a investir tempo para entender os casos de uso nesses ambientes podem participar nesse crescimento."
Da mesma forma, enxerga que a maior parte das aplicações baseadas em dados e serviços sendo desenvolvidos atualmente na Inmarsat serão compatíveis com o ambiente 5G. "Isso essencialmente apenas vai melhorar ao alcance e eficiência das próprias aplicações", diz.
Michele Franci considera também que a Internet das Coisas (IoT) é uma "enorme oportunidade e desafio" e que enxerga possibilidades justamente nas conexões marítimas e aéreas. "Veículos marítimos e de aviações, além de seus portos e aeroportos, estão maduros para a transformação digital e muitos já lançam o potencial desses mercados relativamente obscuros para desenvolvedores", declara.
Franci não acredita que uma eventual expansão da cobertura rural com tecnologia móvel em faixas sub-1GHz, como 700 MHz ou mesmo 450 MHz, possa afetar a oferta de serviços satelitais da companhia. "Sempre haverá áreas que ficaram de fora baseada em considerações de densidade populacional, e é aí onde nosso serviço pode prover o complemento necessário de forma economicamente muito viável", justifica.