A agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor's (S&P) publicou um relatório com a avaliação sobre a operadora catarinense Unifique. A firma reafirmou o rating corporativo da empresa em "brAA-", considerada "perspectiva estável", mas também alertou sobre o possível risco sobre a geração de fluxo de caixa livre no longo prazo, devido a potenciais investimentos em rede e 5G.
Na soma geral dos fatores, a classificação de crédito foi justificada com base no destaque que a Unifique obteve nos quesitos de rentabilidade e baixa alavancagem, mesmo com "alguma concentração de vencimentos nos próximos dois anos". Além disso, a S&P destacou a dívida bruta sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Unifique, que está entre 1,5x e 2x.
Segundo a avaliação da S&P, nos últimos anos a Unifique "tem reportado crescimento constante de cobertura de rede e número de acessos como resultado de sucessivos investimentos em crescimento orgânico e aquisições de provedores de internet menores nas regiões onde atua". Além disso, a agência apontou a maior rentabilidade frente aos pares mais próximos como um diferencial.
"A perspectiva estável do rating reflete nossa visão de que a Unifique deve continuar expandindo suas operações e rede atual por meio de crescimento orgânico e aquisições através de pagamentos parcelados, aumentando gradualmente sua participação de mercado na região Sul do Brasil e obtendo ganhos de escala com a integração de empresas adquiridas, sem pressionar alavancagem e rentabilidade", analisou a S&P.
Por outro lado, a classificação da operadora poderia ser rebaixada "nos próximos 12-18 meses caso a empresa apresente dificuldades e maiores riscos de execução na integração de aquisições, ao mesmo tempo que investimentos materiais para expansão não acompanhados de geração de caixa são requeridos, levando a uma deterioração na rentabilidade e a pressões no perfil de liquidez da empresa".
Neste sentido, agência menciona a "pressão sobre a geração de fluxo de caixa livre no longo prazo devido a potenciais investimentos em rede e 5G".
Para a S&P, o segmento móvel deve seguir ocupando uma parcela marginal nas receitas consolidadas de 2024 – de modo que haja um aumento da relevância do negócio nos próximos anos. Mesmo assim, a expectativa da agência é de que a Unifique precise de aproximadamente R$ 100 milhões em capex anual para o segmento móvel pelos próximos três anos.
Outro risco apontado foi a "menor escala em relação aos pares nacionais e presença em um setor altamente competitivo".
Em caso de política financeira considerada mais agressiva por parte da operadora, a agência de risco vê possível alavancagem da tele. "Neste cenário, veríamos índice de dívida bruta sobre EBITDA acima de 3,0x de forma consistente", analisou a S&P.
Copo meio cheio
A S&P também afirmou que o rating da Unifique pode subir. Para isso, a operadora catarinense precisará aumentar a participação da companhia na indústria. Adicionalmente, a tele precisaria obter ganhos de escala após a integração de aquisições, mantendo sua sólida rentabilidade e geração de fluxo de caixa livre".
"Neste cenário, esperaríamos margem Ebitda próxima de 55% e desalavancagem contínua, com dívida bruta sobre Ebitda se aproximando de 1,5x e FOCF consistentemente positivo", explicou a agência.