O presidente da Telecom Italia acredita que as empresas de telecomunicações precisam mudar seu enfoque, deixando de ser provedoras de infraestrutura para se tornarem provedores de plataformas de serviços. A mudança, diz Patuano, envolve uma mudança de mentalidade e cultura nas empresas, já que tradicionalmente o desenvolvimento das redes está ligado a projetos longos, lentos e sem flexibilidade. "Estamos vivendo o início da onda da Internet das Coisas, é para aí que temos que estar atento", disse ele, fazendo a comparação com o comportamento das empresas de Internet.
"Temos que criar a nossa própria plataforma e temos vantagens: temos contato com o cliente e proximidade, temos qualidade de serviços e temos segurança".
Segundo ele, as operadoras precisam desenvolver o conceito de Over the Network. "Até há alguns anos o nosso dilema era construir redes dependendo da demanda. E a demanda dependia da plataforma. Mas se começarmos a usar a rede de uma forma diferente, com API, que sejam utilizada por OTN, isso criará uma nova demanda e vai estimular uma inovação em infraestrutura".
Patuano alertou para o fato de que as regulações restritivas, como as que se tem na Europa, limitam a inovação e o desenvolvimento de empresas over-the-top. "Na Europa, uma regulação focada em privacidade e em direitos humanos fez com que quase nenhum dos OTTs de hoje seja europeu. São todas norte-americanas ou chinesas". Ele não fez referência à regulamentação de neutralidade, que na Europa está caminhando para uma maior flexibilidade, do ponto de vista das empresas de telecomunicações, nem comentou o cenário regulatório brasileiro
Rede 3G vai morrer
Patuano também disse que é provável que a rede 3G seja substituída pela rede 4G/LTe antes mesmo do desaparecimento das redes 2G, dedicadas à voz. "É uma decisão que temos que tomar, e temos que tomar rápido. O 4G tem um uso muito mais eficiente. Pode fazer mais sentido colocar a voz no 2G, que não tem muita diferença competitiva, e deixar os dados para o 4G. Acho que no máximo cinco anos o 3G vai desaparecer", disse em apresentação durante a Futurecom 2015, que acontece esta semana em São Paulo. Ele também alertou os operadores a reinventarem os serviços tradicionais, que estão morrendo, e disse que o conceito de comunidades fechadas (ou clubes de usuários) que hoje caracteriza o negócio das operadoras móveis vai acabar. O paradoxo é que a TIM foi a operadora que, ao inovar nos modelos de comercialização, mais estimulou a criação, no Brasil, da ideia de grupos de usuários de uma mesma operadora, que falavam entre si em troca de preços menores ou mesmo em planos gratuitos.
Já novas tecnologias como o 5G e mesmo a Internet das Coisas (IoT) são desafios ainda distantes que precisam ser observados agora. De acordo com o executivo, o modelo de negócios ainda não está claro, apesar de haver "claríssima evolução tecnológica".