O Exército Brasileiro, por meio de sua Comissão em Washington (CEBW), começa a validar, nesta segunda-feira, 27, as fibras óticas de empresas estrangeiras que participaram da licitação para a construção da primeira parte da infovia do programa Amazônia Conectada. A opção pela compra externa se deveu ao preço da fibra, que custa em outros países quase metade do que é cobrado pelas empresas brasileiras, mesmo contando com o custo do transporte do produto. Mas o governo trabalha para que no próximo trecho da infovia os equipamentos usados sejam 100% brasileiros.
Segundo o chefe do Centro Integrado de Telemática do Exército, general Decílio de Medeiros Sales, principal responsável pelo projeto, o custo com fibras óticas representam quase 50% dos investimentos do projeto. Com a redução dessa commodity e mais outras economias, o valor total do projeto caiu de R$ 1 bilhão para R$ 500 milhões, redução importante nessa época de corte de orçamento por parte do governo.
O programa pretende implantar quase oito mil quilômetros de cabos subfluviais e tem como um dos principais objetivos garantir que a população do interior do estado do Amazonas tenha acesso a um serviço de telecom de qualidade. O projeto vai conectar 52 municípios por meio de seis rotas utilizando o leito dos principais rios da região, como Solimões, Negro, Madeira, Juruá, Purus e Japurá para prestação de vários serviços à população ribeirinha, incluindo ainda órgãos públicos, unidades de ensino, organizações militares, entre outros.
Nessa primeira fase, estão sendo implantados 220 km de cabos subfluviais e mais 20 km de fibras terrestres ligando os municípios de Coari a Tefé. Os recursos necessários para essa etapa, de R$ 15 milhões, já estão garantidos, afirmou o general Decílio. As obras deverão ser concluídas em fevereiro.
Já o próximo trecho, que ligará as cidades de Tefé a Tabatinga, terá 900 km e poderá usar fibras brasileiras, "desde que se obtenha alguma isenção da alta carga tributária incidente ao produto e que as empresas aceitem reduzir suas margens de lucro", disse o general.
O programa Amazônia Conectada é dividido entre os Ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência, Tecnologia e Inovação. A direção, contudo, está a cargo do Centro Integrado de Telemática do Exército (Citex).
A outra tecnologia usada na infovia é genuinamente nacional, desenvolvida e fabricada no País pela Padtec, a DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing), a mesma utilizada nos backbones da Telebras e da RNP. Para o general Decílio, a escolha da tecnologia brasileira facilita a integração com essas redes.