"O SMS não está morto". A frase foi dita durante conferência Mobile World Congress 2016, que aconteceu nesta semana em Barcelona, pelo vice-presidente de negócios da operadora virtual NewNet, Brent Newsome, referindo-se às possibilidades de uso em comunicação máquina-a-máquina (M2M) e Internet das Coisas (IoT). Mas até para usuários finais o SMS pode acabar ganhando sobrevida. Parceria entre operadoras (incluindo América Móvil, Orange, Sprint e TIM), Google e a associação global da indústria móvel GSMA anunciou nesta semana, durante o evento, alinhamento para a utilização do padrão chamado Rich Communications Service (RCS), que vinha sendo discutido há alguns anos sem sair efetivamente do papel, e que traz recursos similares ao do iMessage da Apple para o ecossistema nativo do Android.
O cliente de mensagens será embutido no sistema do Google e permitirá o envio de texto, imagem em alta resolução, chat em grupo e notificações de leitura. Nada que um aplicativo como o Hangouts, do próprio Google, já não faça, mas com a vantagem de vir embarcado em qualquer celular com Android, independente da marca. As operadoras concordaram em utilizar um perfil comum e universal baseado nas especificações dos RCS, permitindo implantar o recurso de forma consistente. No futuro, a associação ainda promete suporte a "recursos de chamadas de voz" que também serão suportadas pelo Google.
Isso significa que o RCS será implantado de forma semelhante ao SMS, com interoperabilidade entre as redes das operadoras, mas sem depender de acesso à Internet. O perfil universal poderá ser implantado por outros sistemas operacionais além do Android e passará pelo processo de credenciamento formal da GSMA. O Google também dará uma versão open source do cliente universal e fornecerá acesso à API para desenvolvedores. O lançamento global do padrão de mensagens combinará também com a possibilidade de as teles usarem a plataforma de cloud Jibe, do Google, na infraestrutura, permitindo a interconexão entre redes.
Segundo o próprio Brent Newsome, o RCS ainda poderá traz mais oportunidades para as operadoras móveis virtuais, trazendo uma fonte de receita em dados mais monetizável do que o acesso à banda larga móvel. Além disso, é oportunidade para o Google se difundir ainda mais no planeta. "Sabemos que, por razões regulatórias, o Google não pode estar em todos os países e na infraestrutura, mas achamos que é uma grande barreira (a ser derrubada com o RCS), já que 80% do mercado é Android", diz. Resta saber se a plataforma conseguirá superar a concorrência não com o SMS, mas com as mensagens over-the-top, especialmente o WhatsApp.
* O jornalista viajou a convite da FS.