Vivendi diz não ter pressa para vender GVT

Durante conferência com analistas na França nesta terça-feira, 26, a Vivendi, controladora da GVT, confirmou o que há muito já se sabia no mercado: que há de fato intenção de vender a operadora brasileira. Estranhamente, segundo o diretor e CFO da companhia francesa, Philippe Capron, não é uma "confirmação oficial", mas ele admite que "há um processo" de avaliação sobre a venda. "Alguns dos interessados na compra têm se pronunciado oficialmente na mídia, então seria muito ruim eu negar", afirma. Capron inclusive explica que, diferente do que a imprensa tem noticiado, “o interesse não esfriou”.

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Mas não há urgência alguma em efetuar a transação, segundo ele. "Vamos ver se o valor proposto representa a qualidade do ativo. A GVT é um dos principais motores de crescimento na Vivendi, é um ativo soberbo e há ainda muito crescimento (possível) para os próximos anos, pois nem estamos no país inteiro, só estamos começando o rollout de verdade na cidade de São Paulo. Não estamos com pressa em vender nenhum asset com potencial", garantiu. Ao mesmo tempo, o executivo diz que, se houver um preço "muito bom", definitivamente haverá a recomendação de venda. “Se o preço não for certo, não vendemos. Não pensamos que é do interesse dos acionistas vender ativos que não somos forçados a vender". Hoje, o interesse pela empresa está dividido entre a DirecTV e o fundo KKR, e propostas deverão ser apresentadas em março.

Quanto às operações na capital paulista, Capron lembra que a demora para o início se deu porque a autorização da Prefeitura de São Paulo só foi dada no final do ano passado. Até então, o que a GVT podia fazer é operar nos municípios da região metropolitana. Agora com o sinal verde para a entrada na cidade, a empresa parece em dúvida sobre como agir em seguida – discurso semelhante ao apresentado pela Vivendi em novembro. "É uma questão de decidir se queremos fazer a implementação em algumas partes da cidade, o que seria finalmente concluído, ou se faremos primeiro outras cidades menores no estado de SP ou em outros estados. É uma questão de determinar a ordem certa de fazer as coisas", disse.

O CFO diz que os investimentos são tipicamente altos em cidades densas como São Paulo e Rio de Janeiro (onde ainda não há uma rede completamente implementada), mas há compensação por conta da renda maior por habitante. "É apenas uma troca tática. Com o uso do caixa, estamos focando em dar um grande valor a todos os ativos, o que é interesse dos acionistas".

Concorrência

Questionado por um analista sobre as vendas de linhas de serviço na área de telecomunicações, Phillipe Capron reconhece que o mês de dezembro foi lento. "Normalmente teríamos uma atividade melhor, mas nas últimas semanas de dezembro não aconteceu muita coisa. Mas estamos observando que em janeiro as vendas de novas linhas voltaram".

Ele admite também que a empresa brasileira tem enfrentado dificuldades em aumentar a participação no mercado. "É muito difícil crescer a GVT hoje em dia porque os competidores frequentemente reagem. Como eles não conseguem melhorar a qualidade do serviço, especialmente o serviço técnico, eles cortam os preços", reclama. O executivo explica que em algumas cidades, o serviço da companhia acaba custando mais ao consumidor. "Em algumas cidades somos mais caros do que alguns players tradicionais, o que é um paradoxo para um player alternativo". Capron justifica afirmando que há maior capacidade de banda e de qualidade de serviço, mas reitera que a comparação de preço prejudica o potencial competitivo.

Ao mesmo tempo, não há grandes planos para aumentar os investimentos, embora ainda exista expectativas fortes dentro da operadora. No balanço financeiro, a Vivendi já havia dito que a relação de EBITDA com o Capex seria praticamente nula em 2013 para a GVT. "Estamos nos esforçando para monetizar melhor os homepassed já existentes, bem como os gabinetes nas ruas que podem se converter em mais linhas. Mas não significa que estamos restringindo o Capex em implementação, já investimos mais de um bilhão de euros na GVT no ano passado e as áreas de telecom e Pay TV estão crescendo", finaliza Philippe Capron.

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