Interoperabilidade de redes avança, mas papel da regulação é incerto

Foto: Pixabay

O horizonte de uma futura integração entre diferentes tipos de redes – sejam fixas, 5G, privativas, de WiFi, de edge computing ou mesmo satélite – tem despertado amplo interesse na cadeia de telecomunicações, especialmente de pequenos provedores de Internet, mas também gerado debate sobre a necessidade (ou não) de ajustes regulatórios que fomentem o cenário.

O tema esteve em discussão no segundo dia do Encontro Nacional da Abrint, promovido pela entidade de provedores regionais nesta quinta-feira, 25. Para o superintendente-executivo da Anatel, Abraão Balbino, a interoperabilidade entre redes e a busca por interfaces abertas será ponto fundamental no futuro da indústria, comparável à interconexão entre redes móveis distintas conquistada "a partir de muito suor e lágrimas" nas últimas décadas.

"Observar como as tecnologias emergentes exigirão interfaces é um grande desafio, que começa nos fabricantes e deságua nos prestadores", indicou o profissional da Anatel, sinalizando interesse da agência de garantir uma padronização equilibrada. Balbinoo, contudo, entende que "não é a regulação que vai puxar o carro" da interoperabilidade, mas a própria inovação na indústria.

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Leitura distinta foi realizada pelo VP para assuntos governamentais da Qualcomm, Francisco Soares. Para ele, uma série de elementos da regulação setorial precisariam ser repensados para que o cenário de interoperabilidade plena se concretize – a começar pela própria classificação legal da Anatel para tipos de serviço.

"Temos 27 serviços de telecom [na regulação]. Deveríamos repensar e reduzir para cinco, até porque tem muitas coisas parecidas" afirmou Soares. O representantes da Qualcomm também argumentou que a Anatel precisa permitir a interconexão de redes privativas com redes públicas, em movimento que impulsionaria a interoperabilidade, mas que ainda não está nos planos da agência. Recursos de numeração para o segmento também foram sugeridos.

Fornecedores

Mesmo com dissenso, o cenário de integração de redes já gera reflexos. A própria Qualcomm – tradicional fornecedora de processadores para o segmento móvel – tem avançado para o mercado de soluções fixas (como o FWA) em meio à dissolução das fronteiras. Em mercados emergentes onde a empresa espera atuar – como a conexão veicular -, a integração entre diferentes redes é vista como essencial.

Outra importante fabricante de chips, a Intel também tem avaliado novas verticais, com destaque para a computação de borda (edge computing), indicou o especialista da gigante, Roberto Corrêa. Ele avalia que para o edge pegar mesmo entre provedores regionais (mesmo os de menor porte), o desenvolvimento de interfaces (APIs) que garantam a operabilidade será fundamental.

A tarefa não estaria restrita a um horizonte tão distante. "2025 será um ponto de inflexão para a chegada de novos dispositivos, com junção de inteligência artificial, edge computing e 5G", avaliou Corrêa, no debate promovido pelos provedores.

Satélite

Um outro elemento relevante na equação é o papel a ser desempenhado pelos satélites. Para o diretor geral da Viasat, Leandro Gaunszer, recentes avanços tiraram a cadeia satelital do papel de "patinho feio" da conectividade, colocando-a de vez na rota da interoperabilidade.

A possibilidade "impensável há alguns anos" de conexão direta entre satélites e devices (já em uso para serviços de emergência no exterior) seria um dos fatores para a mudança de paradigma. Outro é a própria padronização do release 17 do 5G, que já traz a tecnologia móvel agregada com satélites.

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