Política dá lugar a show para consumidor final em Barcelona

O primeiro dia do Mobile World Congress (MWC) 2014, maior evento global de mobilidade que acontece esta semana em Barcelona, já traça os contornos do caminho a ser trilhado pelo evento, no sentido de ser cada vez menos um palco de posicionamento político de operadoras e fornecedores globais para se transformar mais em um show, como o Consumer Eletronics Show (CES) dos Estados Unidos.

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Os primeiros sinais foram a grade do congresso, que trouxe já no primeiro dia keynote speakers do serviço over-the-top (OTTs) de mensagens WhatsApp, recém-comprado pelo Facebook; e do próprio Facebook, Mark Zuckerberg, que encerra o primeiro dia do evento. Junte-se a isso os variados lançamentos de dispositivos móveis, de smartphones e tablets a carros conectados, wearable devices e até escova de dentes conectada.

Para completar, o painel de abertura do congresso foi marcado pelo conhecido e até mesmo arrefecido discurso de que é preciso um ambiente regulatório estável para incentivar o investimento nada pequeno que as teles precisarão fazer em infraestrutura para atender à crescente demanda por dados. Tradicionalmente feito por teles, o painel de abertura da edição deste ano foi composto por grupos operadores notadamente de países emergentes: América Móvil, com forte presença na América Latina; a Etisalat, grupo dos Emirados Árabes com atuação no Oriente Médio, África e Ásia; e a SingTel, de Singapura, mas que atua em outros 25 mercados asiáticos.

Foi o CEO do grupo mexicano, Daniel Hajj, quem abordou rapidamente o assunto. "Precisamos fazer muito investimento para os próximos anos e por isso precisamos de um bom ambiente regulatório. Fazemos planos de longo prazo e no México e outros países da América Latina estamos sendo obrigados a cobrir áreas rurais e isso requer grandes investimentos", disse. Ele calcula que, desde 2010, enquanto a penetração móvel cresceu dez vezes chegando a 120% na América Latina, o preço por minuto caiu 85% e os investimentos cresceram 120%. Hajj falou de passagem também sobre necessidade de espectro, mas críticas específicas foram poupadas.

Relevância

Ao contrário dos anos anteriores, não houve crítica pesada aos OTTs. A CEO do grupo SingTel, Chua Sock Koong, apenas resvalou no tema ao dizer: "não podemos (as operadoras) nos dar ao luxo de ficar parados. Querem nos transformar em meros provedores de conectividade, mas a experiência do usuário está sob nosso controle. Precisamos oferecer novos serviços que nos permitam manter relevância junto aos usuários. É isso que vai fazer a diferença se teremos sucesso ou não". A executiva conta que a SingTel trabalha na construção de um novo "negócio digital" com foco em parcerias. "Para ter essa diferenciação do core com novas plataformas de crescimento, não conseguimos fazer isso sozinhos, temos feitos parcerias com outras operadoras para compartilhar investimentos e inovar, além de trabalhar com startups".

Investimentos

Embora o total de conexões móveis no mundo já passe de 6,9 bilhões, o equivalente a quase a soma da população do planeta (sete bilhões), o CEO da Telenor e chairman da GSMA, Jon Fredrik Baksaas, ressalta que apenas metade das pessoas realmente usa telefones móveis. "Com sete bilhões de conexões, parece até que fizemos nosso trabalho e bem, mas muita gente, principalmente nos mercados emergentes, tem mais de um SIMcard e há também conexões entre máquinas. São apenas 3,4 bilhões de assinantes únicos de telefonia móvel e o desafio agora é conectar o próximo bilhão de pessoas até 2020."

Baksaas calcula em US$ 1,7 trilhão o total a ser investido em infraestrutura até 2020 pelas operadoras, não apenas para conectar o próximo bilhão de pessoas, mas ainda pra chegar a 5 bilhões de conexões entre máquinas (M2M) e 2,5 bilhões de conexões LTE até 2020. "Precisaremos fazer um investimento da ordem de US$ 200 bilhões ao ano todos os anos até 2020 e uma abordagem regulatória balanceada com uma visão mais holística é que permitirá o sucesso de qualquer mercado", completa o CEO da Etisalat, Ahmad Julfar.

A GSMA calcula que a mobilidade respondeu por 3,6% do PIB mundial gerado em 2013, com US$ 336 bilhões para fundos públicos e ainda com a geração de 10,5 milhões de empregos.

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