Claro avança para 6 milhões de HPs na fibra

A Claro está avançando na fibra, mas a estratégia de sobreposição à rede existente do HFC na última milha ainda depende de muitos fatores. Na visão do diretor de banda larga da operadora, Marcelo Sarmento, a questão é se há motivos para o consumidor querer trocar de tecnologia. 

Durante painel do Teletime Tec Redes & Infra, evento organizado por TELETIME nesta terça-feira, 22, ele mencionou também que a tele continua expandindo sua cobertura de acesso com fibra óptica até a residência (FTTx). Confirmou também que a empresa ainda discute formas alternativas de crescimento, como as redes neutras. "Temos acompanhado, já existem conversas preliminares com provedores", declara. Para ele, a questão da interoperabilidade por meio de APIs padronizadas é interessante. "Se a rede neutra vier a se consolidar no mercado, é algo que a gente espera também [participar]."

Em territórios inexplorados (greenfield, no jargão de mercado), a operadora vem promovendo a expansão da fibra óptica. Segundo Sarmento, são cerca de 30 milhões de casas passadas (HPs, na sigla em inglês) com cabo, além de 6 milhões em FTTH. Entretanto, por conta da sobreposição, a soma acaba sendo por volta de 35 milhões de HPs. 

O diretor explicou como é o processo na Claro para decidir mudar de tecnologia. Com a maior densidade de acessos de banda larga e maior necessidade  de nós de rede, com o HFC atualmente a empresa chega a 125 HPs por nó, contra cerca de mil casas passadas há 15 anos. "O próximo passo é que, no momento em que faço a transição para algo menor do que isso, já faz sentido que a gente modifique e faça o atendimento em fibra", coloca. 

Assim, a rede coaxial é substituída, com a fibra atingindo 64 HPs por nó. "Faz sentido que se use a fibra porque traz não só a evolução tecnológica, como também a proteção de investimento por haver um tempo [de vida útil] maior do que o coaxial, embora nos padrões que a gente utilize para o HFC ainda tem caminho de evolução definida", declara. Ainda assim, ele diz que a infraestrutura está "preparada" para o futuro padrão XGSPON, capaz de além de 10 Gbps.

Além disso, a empresa já chega a mais de 420 cidades, e a rede de cabo chega a cerca de 300. Nas demais, a expansão foi por meio de fibra.

Na ponta

Considerando que o cabo ainda é capaz de entregar as velocidades praticadas no mercado de banda larga atual, para Sarmento, a troca pela fibra também é uma "questão de marketing de engenharia". Isso porque, explica, haveria uma falta de dispositivos compatíveis com a banda larga em gigabits por segundo, incluindo roteadores WiFi comuns, ou mesmo terminais como smartphones e tablets. Também seria necessário que os provedores de conteúdo fornecessem largura de banda suficiente para as aplicações utilizarem a velocidade. 

"A rede GPON está construída, talvez apenas com desafio de mexer na eletrônica", diz Marcelo Sarmento. "Mas não temos muita demanda para pacotes de 1 Gbps. Se olharmos hoje, na maioria das casas, quem tem uma porta de 2,5 Gbps, um device com uma porta dessas para conectar com a OLT que temos disponível?", questiona. Ele coloca que não há aplicações que explorem essas características de ultra banda larga em FTTH. "Se não tiver um tempo de computação compatível com 1 ms, minha baixa latência não vai servir para nada."

Além da questão relativa à velocidade final, há a perspectiva de qualidade do consumidor. A Claro investe em tecnologias como a rede mesh para WiFi, mas também agora trazendo protocolos que utilizam dados de uso de rede interna do cliente (de forma anonimizada) para, por meio de machine learning, identificar possibilidades de melhoria. 

Por fim, há ainda o lado do consumidor, que precisa ter motivos para realizar a troca do HFC pela fibra. "O que nós vemos é que muitas vezes a pessoa diz que está bem com o cabo", declara. "E tem muita gente ainda que tem restrição de deixar um técnico entrar em casa por causa de todo o período da pandemia."