A Telefônica estima alcançar a marca de 1 milhão de usuários de TV por assinatura em 2007 nos cinco países onde terá operação de DTH: Peru, Chile, Colômbia, Brasil e Argentina. Esse número inclui os 450 mil clientes da operadora peruana Cable Magic, que pertence à Telefónica e está há muitos anos no mercado. A projeção foi apresentada pelo diretor de desenvolvimento de negócios da Telefônica no Brasil, Gilberto Sotto Mayor, durante o 1º Congresso Latino-americano de satélites, realizado nesta sexta-feira, 22, no Rio de Janeiro, pelas revistas TELETIME, TELA VIVA e Convergência Latina, organizado pela Converge Eventos. A companhia já iniciou a oferta de DTH no Chile e no Peru. No Brasil e na Colômbia o lançamento deve acontecer este ano e na Argentina somente em 2007.
A Telefônica encara as operações de DTH e de IPTV como sendo o mesmo serviço (TV por assinatura), mas através de plataformas diferentes. O conteúdo deve ser comprado pela unidade Telefônica Contenidos, sediada na Espanha. Sotto Mayor ressaltou, contudo, que a oferta de IPTV terá alguns serviços de valor agregado, como time shifting, video on demand e interatividade.
No caso do DTH, o headend está localizado no Peru e atenderá aos cinco países. Há um headend de backup no Brasil, que também será utilizado para a distribuição de conteúdos locais. A central de atendimento ao assinante ficará no Brasil, assim como o data center da operação brasileira.
Inicialmente, a oferta de DTH da Telefônica será restrita ao Estado de São Paulo, mas a empresa está elaborando um plano de negócios para analisar a possibilidade de expandir para o resto do Brasil.
Regulamentação
A Anatel está avaliando o pedido da Telefônica por uma outorga para prestar DTH no Brasil. Paralelamente, a companhia firmou uma parceria com a Astralsat, empresa que já tem uma outorga de DTH. A ABTA (associação que representa as operadoras de TV por assinatura) questiona junto à agência a possibilidade de companhias de telecomunicações oferecerem serviços de TV por assinatura via DTH.
Sotto Mayor entende que não há qualquer restrição regulatória contra o movimento da Telefônica. "No caso do DTH, não existe absolutamente nenhum impedimento legal". Fontes de outras operadoras de telefonia ouvidas por TELETIME News concordam que dificilmente a ABTA conseguirá barrar a iniciativa da Telefônica. O argumento da ABTA, contudo, não é apenas regulatório. A associação das operadoras de TV paga alega questões concorrenciais.
Estratégia
A entrada da Telefônica no mercado de TV por assinatura faz parte de uma nova postura estratégica internacional da companhia: ?Queremos passar a liderar as inovações, não mais segui-las?, disse o executivo. A Telefônica investe anualmenet 2 bilhões de euros em inovação e pesquisa. Sotto Mayor entende que a Telefônica está bem preparada para atuar na oferta de TV por assinatura na América Latina, devido à forte presença de seu provedor Terra e de seu serviço de banda larga Speedy na região. O Terra está em 15 países da América Latina e tem 1,7 milhão de clientes. O Speedy, por sua vez, tem 2,7 milhões de assinantes no continente. ?Somos a maior plataforma de distribuição de conteúdo na América Latina?, afirmou Sotto Mayor. Ele ressaltou, contudo, que a Telefônica não pretende produzir conteúdo.
Conteúdos
Sotto Mayor ressaltou que praticamente todos os players internacionais de programação estão fechados com a Telefônica na América Latina e que o mesmo acontecerá com o Brasil assim que for dada uma solução regulatória. No caso dos canais abertos, o executivo lembrou que existem negociações e que hoje quase todos os canais abertos estão disponívis na Internet.