Empresas precisam ser transparentes no uso de Big Data

Empresas estão entusiasmadas em usar o conceito de Big Data para obter informações de comportamento dos usuários, especialmente no universo móvel, com a geolocalização dos devices, mas o dilema do direito à privacidade ainda mostra a existência de um território cinza na área. Se por um lado há a utilização de dados anônimos, há uma falta de transparência por parte das companhias sobre qual será o uso dessas informações. Para o diretor de estratégia e cofundador da Expertise, Roberto Liberato, a abordagem tem de ser diferente. "As pessoas precisam ser vistas como parceiras. Vamos ter que nos relacionar com elas, evoluir muito e ver o que será feito com essa informação, até mesmo evoluindo para oferecer recompensas, benefícios para quem abrir esses dados", disse ele durante painel no segundo dia do 13º Tela Viva Móvel nesta quinta-feira, 22, em São Paulo.

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"Big Data fornece informação sobre o comportamento das pessoas. Esse tipo de informação vem de dados de localização e o mobile vai ser fundamental nessa estratégia", explica Liberato. Mas ele assegura que a ética no tratamento desses dados é fundamental para a sustentabilidade do negócio. "Nós entendemos que as pessoas são proprietárias das informações, elas vão precisar autorizar o seu uso. Se não quiserem mais compartilhar, os dados têm de ser retirados", garante.

"A grande maioria das pessoas sabe que os dados estão sendo usados, mas não sabe com que frequência a informação é extraída e há inquietação sobre como ela será usada. Já existe consciência, mas não sabemos como vai ser usada, falta transparência", explica o consultor de negócios da Ericsson, Tales Henrique Waisberg.

Mas há também o fornecimento consciente de informações em troca de benefícios palpáveis. A fornecedora sueca tem um caso bem sucedido de uso de Big Data na Tanzânia, na África, em parceria com a empresa de análise de dados First Access. No país, cerca de 40% da população vivem em extrema pobreza, e mais da metade é desbancarizada. Para obter linhas de crédito, a First Access analisava os dados relativos ao consumo no celular (dados, recarga, quanto gastam) mediante autorização do usuário. "A empresa compara o risco de crédito com a qualidade de crédito da pessoa para fazer o empréstimo, fazendo a recomendação do volume máximo de crédito a ser colocado", diz Waisberg.

Na plataforma da Geofeedia, por sua vez, os dados são coletados das redes sociais. O diretor da empresa no Brasil, Ivan de Souza, cita o caso do funeral da ex-primeira ministra do Parlamento da Inglaterra, Margareth Tatcher. O site de notícias que contratou a companhia fez a cobertura do evento com base nas manifestações geradas pelos usuários. Neste caso, foi solicitada a autorização dos autores. "Outros clientes consideram essas postagens públicas. Elas convidam o usuário a usar uma hashtag (para autorizar a publicação) e retiram o conteúdo se for solicitado", explica.

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