Após os vários adiamentos do anúncio oficial do padrão de TV digital que será adotado no Brasil, até mesmo os opositores à adoção do padrão japonês consideram que, desta vez, o Governo deve mesmo assumir sua definição. Em conversa com alguns jornalistas em um workshop organizado pelo DVB Project nesta quarta, 21, para integrar projetos e entidades de Pesquisa e Desenvolvimento da América Latina ao desenvolvimento da TV digital no padrão DVB, Mario Baumgarten, CTO da Siemens e um dos representantes da Coalizão DVB no Brasil, afirmou que "o País é soberano, e se quiser fazer burrada, que faça". Mesmo assim, não desiste de trabalhar no convencimento de que a opção pela tecnologia japonesa não é a melhor: "As emissoras de televisão estão dando um tiro no próprio pé". Isto porque, em sua opinião, as operadoras de telefonia móvel não poderão manter o subsídio aos handsets se não tiverem uma receita agregada a isto.
Um argumento importante para a Coalizão DVB manter o lobby funcionando é o interesse em implantar o padrão na América Latina. Walter Duran, diretor executivo da Philips e membro da diretoria da Eletros, diz que ?só existem dois remédios para a América Latina: o ATSC e o DVB?. Para ele, a falta de escala do padrão japonês faz com que ele seja proibitivo para o restante da região, mesmo que o Brasil adote o padrão. ?Só há indústria de televisores no Brasil e na Argentina, os outros países são dependentes e terão de escolher o padrão mais aberto e difundido?. Para os dois executivos, a América Latina pende para o DVB, com exceção do Chile, que deve optar pelo padrão americano caso os outros países mais industrializados do bloco não sigam o DVB. ?A Venezuela de Hugo Chaves não vai adotar o padrão americano e a Argentina não quer adotar o padrão japonês. Sobra apenas o DVB?, diz Duran.
Ataques
Segundo os defensores do padrão europeu, não importa apenas a viabilidade técnica de prestar determinados serviços usando um padrão, mas também a viabilidade econômica. Baumgarten lembra que, no Japão, os televisores já vêm com a recepção digital, não havendo uma oferta substancial de set-top boxes e, portanto, o Brasil não poderia se beneficiar da escala de produção dos chips. Além disso, lembra, no Japão não há transmissão SDTV terrestre, apenas HD e LD (baixa definição ? para dispositivos móveis), o que também limitaria a escala na fabricação de equipamentos e componentes mais adequados à realidade brasileira.
Por fim, Baumgarten diz que, caso a opção seja pelo padrão japonês, não pretende iniciar uma disputa judicial.