A venda de 63% do capital total do iG para a Brasil Telecom S.A. (BrT) esta semana ainda gera dúvidas entre analistas de mercado. Apesar de a operadora e sua holding Brasil Telecom Participações (BTP) deterem juntas agora 72,45% do capital total do provedor gratuito, isso não é garantia de que terão o seu controle. A dúvida se deve à falta de informações a respeito de quantas dessas ações têm direito a voto. No comunicado enviado pela operadora à CVM, fala-se apenas que foram compradas ações de diferentes classes, com e sem direito a voto, sem, contudo, detalhar seus percentuais.
Segundo uma fonte bem situada no mercado, a participação de 27,55% mantida pelo Opportunity no iG englobaria 50% das ações com direito a voto. Os outros 50% estariam agora nas mãos da BrT. O controle, portanto, seria compartilhado entre as duas companhias. Porém, na opinião dessa fonte, antes de qualquer crítica, é preciso saber como ficará o acordo de acionistas do iG após as mudanças. Ela entende que, caso o controle seja mesmo compartilhado, sem qualquer vantagem assegurada para a BrT no acordo de acionistas, a compra de 63% do capital total talvez não tenha sido tão interessante para a operadora. Hoje a BrT é controlada pelo próprio Opportunity, mas se um dia for vendida ou passar para as mãos de outros sócios (como Telecom Italia e fundos de pensão), os novos donos terão que conviver com o banco de Daniel Dantas na gestão do provedor gratuito.
A respeito de um possível conflito de interesses na venda do iG, o presidente demissionário da CVM, Luiz Leonardo Cantidiano, disse à imprensa nesta semana que a autarquia pretende investigar o assunto. Opportunity e iG foram procurados por Teletime News mas não esclareceram as dúvidas sobre a proporção do capital votante no provedor gratuito.
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