CEO da Vivo, Christian Gebara entende que os investimentos em expansão de infraestrutura devem ser a prioridade no Brasil, e não o aumento da capacidade de rede já instalada. A declaração ocorreu em meio a defesa do executivo por uma contribuição de novos agentes – como as big techs – no investimento em redes.
A abordagem está em linha com carta publicada nesta semana pela GSMA, e da qual a Vivo foi signatária. O documento apontou alternativas para o financiamento de infraestrutura na América Latina, incluindo o chamado fair share ("contribuição justa") das plataformas digitais.
"Queremos levar digitalização para mais lugares do Brasil, que é um País continental, mas investimos R$ 9 bilhões no ano passado e mesmo assim há áreas que não têm cobertura que gostaríamos para 4G e 5G", apontou Gebara, em conversa com jornalistas nesta quarta-feira, 21.
"Para que se chegue a mais lugares, precisamos investir mais em cobertura e menos em capacidade onde temos rede instalada", completou o CEO. Segundo ele, o foco atual em capacidade ocorreria porque o tráfego de dados tem crescido muito em locais já atendidos, "por conta do consumo de dados oriundo de cinco ou seis empresas de tecnologia".
"Essa necessidade de investimento em mais cobertura deveria ser dividida entre mais agentes que se beneficiam da digitalização, e não exclusivamente das operadoras de telecomunicações", finalizou. Obviamente, ele se referia à proposta de co-investimento em redes com as empresas de internet, no modelo de fair share.
Zero rating
O debate do fair share também é pano de fundo para a reavaliação da indústria sobre planos com zero rating para aplicativos e redes sociais. "A gente não tem esses aplicativos gratuitos, a não ser o Whatsapp", apontou o CEO da Vivo. Ele ponderou que a decisão de manter a condição para o aplicativo é comercial, mas também notou a mudança no perfil da ferramenta da Meta.
"Ele [o WhatsApp] veio no passado como algo incluído nos planos porque era de mensageria, parecido com SMS e com baixo consumo de dados. Agora, é uma plataforma de vídeo com alto consumo de dados. Aqui a discussão além do zero rating em si, que é comercial, é a discussão do fair share", reconheceu Gebara.