Anatel vai recorrer contra plano, mas não impedirá mudança de controle

Ex-presidente da Anatel, Juarez Quadros. Foto: Bruno do Amaral

A Anatel deve recorrer contra a aprovação do plano de recuperação judicial da Oi aprovado na madrugada desta quarta, dia 20. Mas a agência não deve vincular a sua oposição ao plano a qualquer decisão administrativa referente à anuência prévia para a mudança de controle da operadora, quando isso for submetido à agência.

O presidente da agência, Juarez QUadros, concedeu entrevista nesta quarta para explicar a posição da agência. Ele deixou claro que a oposição da Anatel foi por conta da falta de respaldo jurídico para que a agência pudesse concordar com os termos do reparcelamento das multas. Segundo Quadros, prevaleceu o parecer de 29 de setembro da Procuradoria Geral Especializada da Anatel, vinculada à AGU, que tem força executória no sentido de que os prepostos da agência e a AGU votassem contra o plano, pelo não reconhecimento da inclusão dos créditos públicos na Recuperação Judicial. "O parecer assinado pela ministra (Grace Mendonça, da AGU) que chegou para nós ontem não revogou o parecer de força executória", disse Quadros. Segundo ele, a agência agiu no sentido de garantir o recebimento dos créditos públicos nos termos da lei.

Quadros explica que a Anatel ponderou o risco de que o seu voto pudesse ser determinante para a continuidade da assembleia de credores e para a rejeição do plano, mas avaliaram que a agência e a AGU não conseguiriam, sozinhas, impedir a aprovação da proposta da Oi. A agência, contudo, vai recorrer, tanto na continuidade das ações já em curso contra a inclusão dos créditos na RJ quanto numa eventual nova ação. Ele reconhece, contudo, que existe um risco de que, ao recorrer e eventualmente ter sucesso, a agência pode desequilibrar e mesmo inviabilizar o plano aprovado. "O litígio é obrigação. Não podemos desistir, porque é a obrigação de todo e qualquer servidor público de uma autarquia", disse. Segundo Quadros, a decisão da Anatel "protege a agência, a AGU, o ministério e o presidente da República", disse, ao mesmo tempo em que mostrava satisfação com o fato de a empresa ter aprovado o plano. "Havia o risco de intervenção iminente e este risco foi afastado (com a decisão)".

Notícias relacionadas

Sem criar constrangimentos

A Anatel, se de um lado é a responsável pela preservação dos créditos, de outro é a reguladora responsável por dar encaminhamento a uma série de definições. Por exemplo a mudança de controle decorrente da conversão dos créditos em ações. Quadros afirmou que uma coisa não está vinculada à outra e que a agência dará encaminhamento normal a todos os pedidos. Ele explicou que a decisão de votar contra ressaltou em seu texto que a oposição era apenas em relação ao tratamento da dívida, mas que todos os outros termos da proposta de recuperação judicial não estavam sendo avaliados.

Interesse público

Perguntado se a decisão da Anatel representava o "melhor interesse público", conforme termo colocado no parecer da AGU que liberava o voto da agência, Quadros disse apenas que a preservação dos créditos públicos e cumprimento dos dispositivos legais é parte do interesse público. Segundo Quadros, "o parecer da AGU é opinativo, sem força executória. O interesse público é a preservação dos recursos públicos que estão alocados. Como justificar (o valor) trazendo a valor presente, com todos os parcelamentos, sem cobertura legal? É algo que não é confortável. A questão de enquadrar como melhor interesse público tem todas estas variáveis".

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!