Nunca antes na história do mundo se vendeu tanta fibra óptica. Para ser mais exato, 180 milhões de quilômetros ao longo de 2010, 50 milhões (ou 38,4%) a mais que em 2009. A informação é do CRU Group, empresa britânica considerada a maior autoridade do mundo em pesquisas de mercado na área de telecomunicações ópticas.
A China e os Estados Unidos, juntos, representam 90% das encomendas (45%, ou 81 milhões de fibra óptica, cada). O Brasil encerrará o ano com 1,1% dessa demanda. Se os números parecem pequenos dentro de um contexto mundial, não permanecem tão pequenos assim quando analisados à partir da realidade do mercado local. "Em 2009 nossa participação era de 0,7%, com 1,2 milhão de quilômetros de fibras. Esse 0,4% a mais representa 2 milhões de quilômetros, ou seja, crescimento de 66% em um ano", calcula Helio Durigan, diretor de engenharia da Furukawa. "Vale destacar também que a previsão de crescimento para este ano, em relação a 2009, era de 20%. Foi de 42%", comemora.
As redes que mais demandaram fibras ópticas, pelo menos no Brasil, foram as metropolitanas (60%), seguido pelo backbone (20%) e backhaul (20%).
Demanda maior que a Oferta
A advertência do diretor da Furukawa se dá porque a demanda pode não conseguir ser atendida. A Furukawa, por exemplo, já está adquirindo mais maquinário de produção, que só deve chegar no início do ano que vem. "A instalação e configuração das máquinas leva mais alguns meses, ou seja, só ampliaremos a capacidade de produção em meados de 2011", diz.
Segundo Durigan, para equilibrar melhor a balança da demanda e da oferta, os clientes – no caso as operadoras – precisam fazer as encomendas com a antecedência necessária. "Os pedidos de novembro só conseguirei entregar em fevereiro ou março. Os cabos são compostos por algumas matérias-primas importadas, que são transportadas por navio". Se o cliente tiver pressa, alerta ele, o frete pode ser via aérea, porém neste caso o custo sobe até 27 vezes. "Se houver planejamento, o custo da fibra é coerente e competitivo. Sem planejamento, a única saída é pôr a mão no bolso", resume.
Eletrônica
Se o mercado de fibras cresce, é natural que a parte eletrônica também cresça. No caso dos equipamentos para transmissão óptica, o terceiro trimestre de 2010 foi o primeiro período que esse mercado cresceu desde o quarto trimestre de 2008. Segundo o Dell'Oro Group, esse crescimento foi de 3% na comparação com o mesmo período do ano passado. "O resultado positivo do setor é atribuído ao aumento na demanda em todas as regiões, com particular força nas Américas", diz a consultoria. Este mercado movimentou mais de US$ 3 bilhões no período.
Os fabricantes líderes no segmento no terceiro trimestre foram Huawei, Alcatel-Lucent e Ciena, com uma participação de mercado combinada de cerca de 50%.