A Netflix e a operadora sul-coreana SK Telecom anunciaram nesta segunda-feira, 18, o fim da batalha judicial que se arrastou durante três anos. A gigante de streaming e a maior tele da Coreia do Sul firmaram acordo sobre contribuição nos custos da rede – já que a SK alega que o tráfego de dados pela plataforma americana aumentou na ordem de 24 vezes "em curto período", o que impactaria nas cifras de investimento em infraestrutura da operadora.
O repasse da Netflix ao grupo SK funcionará por colaboração com lançamentos de produtos conjuntos entre as empresas. A cooperação prevê, por exemplo, acordos para combos específicos, incluindo para smartphones e IPTVs. Além disso, a Netflix deve ser oferecida, em breve, no T Universe – a plataforma de assinaturas da SKT, que usa inteligência artificial (IA) para recomendações personalizadas.
De acordo com comunicado da Netflix, esses novos produtos devem ser apresentados (pela SKT e SKB) oficialmente aos consumidores a partir do primeiro semestre de 2024 – quando os demais detalhes serão divulgados.
Entenda o caso
Como mencionado acima, o tráfego de rede da Netflix aumentou na rede da SK na ordem de 24 vezes num curto período de tempo, segundo a operadora. Essa foi a principal razão pela qual a operadora tentou negociar junto à Netflix uma recuperação de custos, com mediação feita pela Comissão Coreana de Comunicação. A empresa americana rejeitou a ideia, o que culminou numa disputa judicial iniciada em 2020.
Na época, a Netflix argumentou não ter obrigação de pagar ou negociar pelo uso da rede da SK Broadband. A justificativa foi de que isso iria contra o princípio da neutralidade da rede e levaria a preços maiores para os consumidores. A justiça sul-coreana, no entanto, rejeitou a alegação da Netflix e sugeriu que a operadora e a plataforma de vídeo negociassem, juntas, um termo de compensação. A disputa passou por dez audiências judiciais ao longo dos três últimos anos, até ser resolvida pelas companhias.
O acordo
Na prática, isso significa que usuários da plataforma de filmes comprariam a Netflix por meio das assinaturas com a própria operadora de banda larga. Essa foi a forma encontrada pelas empresas para garantir que os custos de utilização da Netflix (que movimenta alta quantidade de dados) sobre a rede de telecomunicações da SK sejam cobertos. Os valores não foram revelados mas fontes da imprensa local falam em algo em torno de US$ 30 milhões.
Hoje, estima-se que a Netflix seja responsável por até 7% do tráfego total de dados de Internet banda larga da Coreia do Sul. O País com 52 milhões de habitantes registra cerca de 6 milhões de clientes na plataforma de filmes e séries.
A decisão foi analisada pela Strand Consult, consultoria especializada no mercado de telecom. De acordo com a entidade, a parceria anunciada hoje pode sinalizar uma mudança na forma como o streaming é precificado no mercado. Isso porque há a expectativa de que outros provedores de banda larga adotem esse modelo de acordo, principalmente porque os serviços de streaming de vídeo respondem por grande parte do tráfego de dados nas redes de telecom.
A consultoria também mencionou uma possível redução na rotatividade e nos custos de aquisição de novos clientes da Netflix, o que faria com que a empresa americana ainda se mantenha lucrativa na Coreia do Sul.