Brasil estuda três saídas internacionais para Norte Conectado

Foto: Pexels

O projeto de rede óptica na região amazônica Norte Conectado tem três saídas internacionais em estudos pelo governo brasileiro, ao lado de países vizinhos e empresas. As iniciativas são uma forma de garantir redundância de conectividade na região a partir de um corredor intercontinental.

Os planos foram detalhados por representantes da Anatel e da EAF (executora de seis infovias do Norte Conectado) em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 18. Na ocasião, também foram dadas atualizações sobre o avanço da construção da rede subfluvial na Amazônia (confira mais informações no final deste texto).

No caso das saídas internacionais, uma delas envolve a extensão do Norte Conectado até Letícia (Colômbia), já formalizada pelo Brasil ao lado do país vizinho. A interligação será com a Infovia 02 do Norte Conectado, que tem previsão de passar por Tabatinga (AM), parte da da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

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Os planos incluem uma saída da rota pelo Oceano Pacífico a partir de solo peruano, permitindo conexão com a Ásia, detalhou Sidney Azeredo Nince, que coordena o projeto no âmbito da Anatel. Para tal, são consideradas parcerias com operadoras como a Global Fiber – que concluiu recentemente um projeto de fibra ligando a tríplice fronteira até a cidade peruana de Iquitos.

Um outro projeto – também já abordado por TELETIME – é a interligação do Norte Conectado com o cabo submarino EllaLink, que interliga a Europa e África ao Brasil a partir da Praia do Futuro, em Fortaleza (Ceará).

O cabo europeu anunciou neste ano um ramal até a Guiana Francesa, com planos de conexão do mesmo ao Norte Conectado, através de Belém (onde chega a Infovia 03). Segundo Sidney Azeredo, a possibilidade em estudos é que o cabo chegue à costa norte brasileira em Salinópolis (PA), onde seria aterrado para conectar a capital paraense, Fortaleza e, consequentemente, o Oceano Atlântico.

A terceira possibilidade em estudos envolve uma saída pela Guiana, a partir da Infovia 04, que será construída para chegar em Boa Vista (Roraima). Neste caso, há conversas iniciais e necessidade de asfaltamento da rodovia guianense que chega até o Brasil.

De uma forma geral, a possibilidade de conexão do Norte Conectado com a América Central e os Estados Unidos também faz parte dos planos do governo brasileiro.

Andamento

As possibilidades de saídas internacionais para formação de um corredor intercontinental estão sendo analisadas de antemão, mesmo antes da conclusão de alguns trechos do Norte Conectado.

Hoje a rede tem as Infovia 00 (Macapá-Santarém) e Infovia 01 (Santarém-Manaus) prontas, e a Infovia 03 (Belém-Macapá) construída, mas em fase de testes e preparação.

Já a Infovia 02, entre Tefé e Atalaia do Norte com passagem em Tabatinga (todas no Amazonas), tem sido um projeto complexo, aponta o CEO da EAF, Leandro Guerra. Além de aguardar licenças ambientais do Ibama e autorização final da Marinha para iniciar o lançamento do cabo (previsto para este ano), há desafios causados por questões climáticas.

"No final de 2023 tivemos uma seca histórica na região e isso impacta porque a janela de operação fica comprometida", explicou Guerra. "Temos indícios que isso se repetirá neste ano", adiantou o executivo. Normalmente a janela para as obras subfluviais vai de agosto até o final do ano, mas em 2023 já havia restrições no final de setembro.

Vale lembrar que a seca pode afetar não apenas a dinâmica de lançamento dos cabos, mas também a logística terrestre da instalação da infraestrutura. O mesmo risco afeta os planos da Infovia 04, que vai até Boa Vista, ainda que neste caso o trecho terrestre esteja avançando.

Aqui, também faltam as licenças ambientais para prosseguimento do projeto – o que depende do Ibama, cujos servidores se encontram em greve. "Estamos aguardando o final da greve para evoluir", afirmou Guerra.

Além das infovias 02, 03 e 04, a EAF também é responsável pela 05 (Rio Madeira), 06 (Rio Purus e Rio Acre) e 08 (Rio Juruá) do Norte Conectado, atualmente em fase de planejamento técnico e na etapa final da aquisição de cabos ópticos para as rotas. Nos três primeiros trechos feitos pela entidade, a fornecedora foi a chinesa ZTT.

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