Boa parte das promessas e expectativas colocadas sobre o 5G acontecerão apenas nos novos releases da tecnologia, especialmente o uso mais intensivo de ondas milimétricas, da computação de borda e a integração com redes de satélite.
O tema foi discutido durante o Teletime Tec, realizado nesta terça-feira, 18, em São Paulo. "Dos três cenários que a gente tem inicialmente propostos para o 5G – baixa latência, altas taxas e Internet das Coisas de forma massiva -, estamos conseguindo atender bem um deles, que é a questão das taxas, com acessos em velocidades bem superiores ao do 4G", resumiu o diretor do Inatel, Carlos Nazareth, ao abordar o estágio de implantação pela indústria de telecom. Os demais, diz o acadêmico, virão com a evolução do 5G.
Global quality manager de redes de acesso (RAN) da Claro, Oliver Contreras notou que o 5G Advanced – conceito que deve ser introduzido com o Release 18 do 3GPP – deve trazer incrementos nas três verticais. A operadora tem grande expectativa com a evolução da tecnologia, projetando uma rede muito mais "moldável" às necessidades de usuários – sobretudo os de missão crítica.
Para a Claro, os benefícios operacionais (inclusive para fatiamento de rede) devem ser acompanhados por outros fatores, como ganhos na eficiência energética com ajuda de inteligência artificial e machne learning. A evolução, contudo, também precisa envolver o mercado de terminais, com a chegada de dispositivos IoT capazes de operar nas capacidade máximas da nova tecnologia, apontou Contreras.
Ponto similar sobre o ecossistema foi apontado em relação à faixa de 26 GHz. O uso do recurso foi defendido tanto pela Claro quanto pela Nokia para incrementar velocidades do 5G – sobretudo no uplink, considerado importante gargalo nos serviços atuais. "O mmWave vai ser necessário se continuarmos crescendo o tráfego a taxas de 40% ao ano", afirmou o CTO da Nokia na América Latina, Wilson Cardoso.
Neste caso, o executivo vê de forma positiva a evolução do ecossistema ao redor do mundo. Mas aponta que algumas potencialidades que se imaginou para o 5G, como o desenvolvimento das redes sensitivas (que transformam em inteligência as informações hoje considerada ruídos na rede, como reflexões de sinal) ficarão apenas para a especificação do 6G. Já Nazareth, do Inatel, destacou que devem surgir nos futuros releases a integração de redes com satélites.
Outro elemento abordado pelos especialistas – neste caso, para a latência – foi a necessidade de capacidade computacional distribuída. O ponto envolve infraestrutura de computação de borda (edge computing), ainda não existente em nível suficiente no Brasil para garantir taxas baixíssimas de resposta possíveis com o 5G. Neste caso, a regionalização e a federalização de data centers no Brasil foi defendida por Nokia e pelo Inatel.
Já pela Claro, Contreras destacou que o 5G ainda representa um desafio de custos de operação para as operadoras, seja porque o consumo energético total é mais alto (ainda que mais eficiente do ponto de vista do custo por bit) quanto pelo custo potencial de uso da nuvem para o edge computing. Para Wilson Cardoso, a questão energética também deve ser endereçada no 5G Advanced e no 6G. "Pela primeira vez vemos a questão do consumo total de energia consumida, inclusive pelos usuários, como uma variável importante na definição do padrão". (Colaborou Samuel Possebon)