Há décadas que o espaço tem sido alvo de atenção permanente do governo dos EUA, sobretudo em questões geopolíticas. Desde a Guerra Fria, se quisermos ser rigorosos. Mas especialmente nos últimos anos a nova corrida espacial parece ter tomado totalmente o centro das atenções. Durante a Satellite 2024, principal evento norte-americano para o setor de satélites, que acontece esta semana em Washington, isso não foi diferente, e dentro da doutrina de mostrar um inimigo poderoso para assegurar atenção política (e econômica), os principais órgãos de defesa dos EUA falaram sobre as alegadas ameaças externas quando o tema é espaço.
O tema foi especialmente verbalizado na fala do diretor adjunto da National Reconnaissance Office (NRO, uma espécie de órgão de inteligência e pesquisa estratégica do governo dos EUA), Troy Meink.
"Temos convicção de que nossos inimigos externos estão nos desafiando para destruir ou interferir em nossa tecnologia e pela primeira vez nossa tecnologia está em risco com ataques constantes de cibersegurança e interferência", diz ele. Segundo a análise da NRO, a China será um competidor importante no mercado de satélites em 2030. "Temos que inovar e inovar rápido, ou perdemos a corrida", disse Meik, citando também a Rússia como um adversário nessa disputa.
Ele admitiu que o governo dos EUA tem trabalhado com a política de fazer "hosted payload" com empresas norte-americanas, sem citar casos específicos.
Ela destacou ainda que uma das vantagens do momento atual é que os custos de lançamento e, portanto, de organização de grandes constelações, tem caído substancialmente, possibilitando a ampliação de projetos estratégicos envolvendo o espaço. "Hoje podemos pensar em tecnologias que no passado simplesmente não existiam", disse.
Mas ele alerta que os riscos são crescentes. "Vemos constantes tentativas de ataques de cibersegurança e interferências em nossos sistemas de satélite. Se tem uma coisa que me deixa alerta é isso: cibersegurança. No espaço e na Terra", diz ele.
