Conforme estimado anteriormente, a Telefónica confirmou nesta quinta-feira, 17, o valor de 750 milhões de euros pela emissão de títulos conversíveis em ações da Telecom Italia. Em fato relevante enviado ao mercado, o grupo espanhol afirmou ainda que esses bonds poderiam ser convertidos por um número máximo de ações ordinárias da companhia italiana que representam 6,5% do total de ações votantes da empresa.
Com essa transação, a Telefónica deteria entre 8,3% e 9,4% do capital da Telecom Italia após a dissolução da Telco. "Desta forma, a Telefónica reduziria sua participação indireta na Telecom Italia a níveis abaixo da participação antes da recapitalização da Telco em setembro de 2013", explica o documento.
"A transação permite à Telefónica capturar uma parte significativa da forte revalorização de sua participação indireta na Telecom Italia desde então, enquanto mantém a exposição à futura valorização potencial ao máximo preço de conversão." Outro ponto destacado é que esse desinvestimento parcial poderia "neutralizar metade do aumento da dívida líquida que poderia eventualmente se seguir à dissolução da Telco".
Os Joint Bookrunners (grupo formado para o processo de bookbuilding, que foi coordenado pelo HSBC, JP Morgan Securities e a Société Générale) chegaram ainda a um valor fixo nominal para a taxa de juros de 6% por ano, pagável em parcelas anuais. Os bonds irão maturar no dia 24 de julho de 2017 e terão o valor mínimo de troca a 0,8600 euro e o máximo de 1,0320 euro por ação ordinária da Telecom Italia, o que representa um prêmio de 20% acima do preço mínimo.
Reflexos
Hoje, a holding Telco detém o controle da operadora italiana (com 22,4%). Por sua vez, a Telefónica é a maior acionista (46,2%) dessa controladora. Com a dissolução já anunciada (e aguardando aprovações regulatórias), o grupo espanhol deteria 14,8% das ações ordinárias, ou 11% das ações totais.
Não fica claro se esse movimento da companhia seria o suficiente para agradar os órgãos reguladores, em especial o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ou se o determinado é que a espanhola se desfaça de toda a participação na Telecom Italia. De qualquer forma, a transação poderia ainda facilitar a aprovação da dissolução da Telco, desde que a Telefónica consiga garantir que não teria ingerência nas decisões sobre a TIM no Brasil.
A tentativa da Telefónica é que, ao voltar ao equivalente da participação detida na Telecom Italia anterior ao acordo de setembro de 2013, a enquadre novamente nos requisitos do Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) firmado em 2010, quando a Telefónica ingressou no capital da Telco e, consequentemente, indiretamente na TIM Brasil; evitando assim ter de se desfazer completamente de seu investimento na companhia italiana.