Caso não haja novas liminares, o processo de destituição do Opportunity da gestão da Brasil Telecom poderá durar cerca de cinco meses. A opinião é da analista de mercado da corretora Fator, Jacqueline Lison. Para chegar a esta conclusão, ela e a analista Catarina Papa levam em consideração as assembléias nas empresas na cadeia societária da BrT que deverão ocorrer a cada 20 ou 25 dias para troca de conselhos e administrações, a exemplo do que aconteceu no Zain Opportunity S/A.
Para a analista, não se pode estipular uma data para que o Citi e os fundos assumam definitivamente o comando da BrT. Mas, acredita que tem havido uma evolução para que se resolva o impasse societário, principalmente com a intervenção da Justiça, que tenta uma solução entre os sócios. A analista lembra que após terminado o entrave, o próximo passo seria a volta da Telecom Italia ao bloco de controle. Em sua opinião, "a possibilidade de ocorrer de fato alguma mudança de controle na Brasil Telecom que deflagre tag along a minoritários no curto prazo é pequena." E para endossar esta posição, acentua que tanto a Telecom Italia quanto os fundos e o Citi entendem que não haveria tal necessidade, por se tratar de uma movimentação dentro do grupo controlador. As analistas não descartam discussões por parte dos minoritários. Por isto, continuam a recomendar a compra para as ações da Brasil Telecom.
Justiça
Por enquanto, Citi e fundos de pensão têm conseguido vitórias contra Daniel Dantas na Justiça do Brasil, para não falar da Justiça de Nova York. Esta semana, o Opportunity recorreu inclusive ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do desembargador Edson Vidigal, do STJ, que permitiu a AGE da Zain Participações (antigo Opportunity Zain), tirando o grupo de Dantas do comando da empresa. O Supremo, contudo, não reconheceu o pedido do Opportunity. Também há diversas ações sendo iniciadas pelo Opportunity no Tribunal de Justiça de Brasília e do Rio contra a destituição do Opportunity da Futuretel e Opportunity Mem (empresas da cadeia de controle da Telemig e Amazônia Celular), mas sem resultados práticos até o momento.
A única vitória até o momento conseguida pelo Opportunity foi a liminar da Fundação 14 que suspende a troca de gestor do antigo CVC Nacional, acontecida em 2003. O fundo era gerido pelo Opportunity, que foi demitido pelos fundos de pensão e pelo BNDES. Hoje o CVC Nacional é chamado de Investidores Institucionais. Esta liminar, contudo, foi suspensa pelo STJ, onde está a discussão agora. Banco do Brasil e Banco Central podem ser parte do processo, ao lado dos fundos.