AALTO quer embarcar ERBs 5G em drones e vê Brasil como mercado prioritário

Drone da AALTO para conectividade em altitudes elevadas

A empresa AALTO, uma subsidiária da Airbus voltada ao mercado de HAPS (plataformas de altitude elevada, na sigla em inglês), quer trazer para o mundo das telecomunicações o uso de drones para a conectividade 5G. E o Brasil é um dos mercados alvo para o desenvolvimento da tecnologia e dos modelos regulatórios e comerciais, explica Christopher Casarrubias, vice-presidente de assuntos regulatórios da empresa. "Estamos trazendo um conceito que ainda não existe, que é uma infraestrutura de conectividade baseada em aeronaves autônomas, capazes de operar por longos períodos, com cobertura de milhares de quilômetros quadrados. É o conceito de 'tower in the sky'", explica o executivo, que até recentemente atuava no mercado de satélites.

A Airbus desenvolve o conceito de aeronaves autônomas há mais de 20 anos, mas a plataforma em que o sistema AALTO vai operar é uma inovação tecnológica significativa. São aeronaves não tripuladas gigantes (a envergadura é de 25 metros), mas que pesam apenas 75 kg e podem operar por energia solar por longos períodos. O recorde atual é de 64 dias. Essas aeronaves podem receber cargas diferentes, como equipamentos de observação da terra, vigilância ou uma ERB 5G.

Christopher Casarrubias, VP de assuntos regulatórios da AALTO
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"Cada aeronave, voando a 20 km de altitude, pode cobrir uma área equivalente a 120 ou 150 torres terrestres", explica Casarrubias. "O Brasil é importante para nós por muitas razões: é um mercado grande, com imensas áreas não cobertas, e tem um regulador muito atuante", diz o executivo, que gosta da ideia da Anatel de realizar um sandbox regulatório para modelos de comunicação direta ao dispositivo, como noticiado por TELETIME. "Estamos dispostos a ajudar a Anatel a entender o modelo de conectividade baseada em drones também, se houver interesse", diz o executivo.

Há questões regulatórias importantes que a AALTO precisará observar: desde as questões de espectro até a regulação do segmento aeronáutico. Do ponto de vista de espectro, a vantagem do modelo da AALTO sobre as soluções baseadas em satélites é que o espectro utilizado pode ser o da própria operadora parceira, já que os equipamentos operarão dentro do limite territorial de apenas um país, ao contrário dos sistemas de satélites de órbita baixa. Já no campo da aviação, a altitude de operação pretendida (20 km) não é regulada, mas para chegar lá ou pousar é preciso passar pelas altitudes reservadas para atividades comerciais. "A 20 km de altitude, na estratosfera, contudo, estamos longe do tráfego de aeronaves comerciais e longe de questões meteorológicas". Hoje a AALTO tem parceria no Japão para testar o modelo e está expandindo as parcerias.

Capacidade modular

"Uma das vantagens do modelo de HAPS é que podemos atualizar a carga útil das aeronaves (payload) nos pousos de manutenção, que acontecem periodicamente, com intervalo de semanas", explica Casarrubias. No foco da AALTO estão não apenas serviços de 5G, mas também serviços de emergência, verticais de negócio, IoT, observação e vigilância.

Em relação aos modelos de negócio, a proposta da AALTO é ser uma provedora de infraestrutura, como as empresas de torres, mas com tecnologia agregada aos equipamentos. "Não pensamos em oferecer serviços ao consumidor. Isso é com os parceiros, que podem ser as operadoras de telecomunicações ou outras empresas de infraestrutura, mas os modelos ainda são muito novos e certamente vão evoluir. "Nesse momento não pensamos em adquirir espectro, por exemplo, mas se isso fizer sentido no futuro, vamos estudar", diz. Na próxima conferência mundial de radiocomunicação em Dubai (WRC 2023, que acontece em dezembro) há a expectativa de que haja uma resolução de espectro para os serviços de HAPS.

Entre as vantagens da tecnologia estariam a latência similar à das redes terrestres de 5G, a flexibilidade de operação, o custo total (já que cada drone pode substituir centenas de ERBs em uma cobertura de grande abrangência), mas existem questões operacionais, como os aeródromos em que será feita a manutenção dos equipamentos, a operação dos drones e a integração tecnológica com as redes das operadoras. "Não vejo que seja um substituto ao satélite, mas é uma tecnologia que complementa em muitas situações", diz Christopher Casarrubias. Os planos da AALTO são para estar em operação ainda em 2024.

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