Alguns analistas de mercado ouvidos por TELETIME News acreditam que os investidores estão agora exagerando no otimismo em relação às ações preferenciais (PN) da Embratel, repetindo o mesmo erro de medida em relação às ações ordinárias (ON) às vésperas da decisão da norte-americana MCI de vender o controle da Embratel para a mexicana Telmex. De fato, os investidores estão imaginando agora que o novo controlador irá partir para a compra total da companhia, abrindo espaço para uma valorização mais forte dos papéis sem direito a voto. Profissionais que acompanham mais de perto a Telmex acham esta hipótese pouco provável, pelo menos no curto prazo. Mas atenção: quem enxerga a Embratel como uma fonte futura de valorização pode se dar bem, a começar pela possibilidade de melhora de seu desempenho financeiro. Na troca de mãos da MCI para a Telmex, a empresa brasileira vai poder contar com um corte substantivo nos juros pagos por empréstimos externos.
Ilusão do tag along
Como é sabido, no dia em que seria anunciada a decisão, sexta-feira passada (12), os investidores correram para trocar ações PN por ON, para ter o direito de tag along (80% do valor pago pelo novo controlador na aquisição). O resultado foi uma espetacular alta de 23% das ordinárias ON (EBTP3), que chegaram a bater R$ 16,00, e uma queda de 14%, cotada a R$ 7,50.
Do dia 12 para cá, a perda chega perto de 27%, já que o papel EBTP3 fechou nesta quarta-feira, 17, cotado a R$ 11,74.
Muitos investidores passaram a ser torcedores passivos de uma reversão do negócio na Justiça. Mas já não há analista que alimente seus clientes com essa expectativa. Em primeiro lugar, porque a Corte Federal de Falências que preside o processo de reestruturação da MCI não tem qualquer regra sobre a forma e o preço de venda. Depois, a venda já foi aprovada tanto pelo Conselho de Administração da MCI como pelo seu Comitê Oficial de Credores. Finalmente, porque há um entendimento geral do mercado norte-americano de que a eventual escolha do consórcio Telefônica/Telemar/Brasil Telecom seria amplamente considerado monopolístico, portanto contestado tanto por autoridades brasileiras quanto dos Estados Unidos. A proposta de US$ 550 milhões supostamente feita pelo consórcio implicaria um risco, enquanto a da Telmex é dinheiro em caixa. TELETIME News apurou que a Anatel e o Cade, com apoio dos Ministérios das Comunicações, Justiça e da Casa Civil barrariam o negócio.