Presidente da Oi comemora fim da recuperação judicial, mas elenca próximos desafios

CEO da Oi, Rodrigo Abreu. Foto: Divulgação

O presidente da Oi, Rodrigo Abreu, celebrou o fim da recuperação judicial da empresa, a maior da América Latina, após seis anos e meio. Em comunicado enviado na manhã desta quinta-feira, 15, o executivo ressaltou, contudo, que ainda há "desafios bastante críticos" para a operadora daqui para frente, como o peso da rede legada, as concessões, a arbitragem com a Anatel e a renegociação com credores.  

Entre essas questões, Abreu citou "o trabalho cada vez mais intenso para o crescimento de nossas operações e desenvolvimento de novas fontes de receita, a contínua busca pela eficiência e simplificação da empresa e redução de seus custos, o equacionamento definitivo da concessão e suas operações legadas, incluindo os processos de arbitragem relativa à insustentabilidade da concessão e de migração da mesma para o modelo de autorização, bem como a continuidade das negociações com nossos credores financeiros, visando a otimização do perfil de endividamento e a busca de sustentabilidade e viabilidade de longo prazo".

Abreu também destacou que o time executivo está empenhado no desenvolvimento da V.tal, contribuindo com a "geração de valor adicional significativo". Ele mencionou as operações das empresas do grupo. "E a Oi segue ainda oferecendo, com suas subsidiárias integrais, serviços técnicos e de logística, operação de instalação e manutenção de redes, por meio da Serede, e uma plataforma de relacionamento e atendimento a clientes, por meio da Tahto."

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"Foi, sem dúvida, um dos maiores processos de recuperação judicial do país, que ajudou inclusive a introduzir aperfeiçoamentos na própria revisão da Lei de RJ, criando novos parâmetros e meios de negociação entre empresas e credores, procurando principalmente preservar o papel econômico e social do grupo empresarial", analisou o presidente da operadora. 

Abreu enviou um comunicado interno com teor semelhante ao quadro profissional da Oi, incluindo um agradecimento à equipe que trabalhou na empresa ao longo desses seis anos e meio. "Desde o início desse processo, cumprimos com todos os compromissos e requisitos estabelecidos em nosso Plano de Recuperação, e essa etapa é uma confirmação da seriedade, dedicação e compromisso de todos com a nossa Companhia e seu futuro. E é realmente muito gratificante poder olhar para trás e reconhecer o quanto fomos capazes de nos reinventar como companhia, como times, como profissionais. São marcos como esse que nos fazem confirmar, cada vez mais, que a diferença sempre estará nas nossas pessoas e seu engajamento. E seguiremos, com toda a transparência e sentimento de cuidado, trabalhando para que isso siga sendo verdade."

Dívidas

Também nesta quinta-feira, a Oi enviou comunicado ao mercado reforçando que o processo da RJ foi um marco importante para a empresa, que buscou sustentabilidade de longo prazo com o plano estratégico focado na aceleração de receitas de negócios core (como a fibra e o corporativo no Oi Soluções) e busca de novas fontes; readequação da estrutura de custos; equacionamento de passivos operacionais e regulatórios da concessão e operações legadas; e provimento de soluções digitais e conexões de fibra.

A empresa destacou também que a recuperação judicial permitiu ao pagamento integral da dívida com o BNDES no valor de R$ 4,6 bilhões em abril deste ano, possível após a venda da Oi Móvel e do controle da então InfraCo (ou seja, a V.tal). Lembrou ainda ter quitado o empréstimo ponte da Oi Móvel, no valor de R$ 2,4 bilhões, a aquisição de 98,71% das Notes com vencimento em 2026 no valor de R$ 4,4 bilhões e o pagamento da debênture conversível da InfraCo por R$ 3,5 bilhões. 

O fato relevante reforça que os créditos concursais ainda não quitados, além de créditos líquidos cujo fato gerador tenha sido antes da RJ, permanecem sujeitos aos efeitos do plano da recuperação e do aditamento de 2020. Ou seja: continuam sendo tratados conforme estabelecido nos prazos, termos e condições do instrumento. "Neste sentido, a Sentença de Encerramento da Recuperação Judicial estabeleceu sistemática específica para tratamento dos processos de impugnação e habilitação de créditos na recuperação judicial da Oi, de forma a garantir o tratamento paritário entre os credores sujeitos ao seu PRJ", destaca a empresa. 

Confira na íntegra o comunicado do presidente da Oi, Rodrigo Abreu:

Com o fim do processo de recuperação judicial, após um período de seis anos, a companhia atinge um marco muito importante. Foi, sem dúvida, um dos maiores processos de recuperação judicial do país, que ajudou inclusive a introduzir aperfeiçoamentos na própria revisão da Lei de RJ, criando novos parâmetros e meios de negociação entre empresas e credores, procurando principalmente preservar o papel econômico e social do grupo empresarial.

Ao longo desse processo, passamos por diversas mudanças significativas, que envolveram a nossa reinvenção como empresa. Desenvolvemos e temos executado um Plano Estratégico de Transformação que aponta para uma nova missão e visão e nos devolve a ambição de conquistar a liderança de mercado nas áreas em que atuamos. Conduzimos uma nova Assembleia Geral de Credores que validou a nossa nova estratégia e aprovou mudanças importantes para a execução da nossa transformação. Fizemos captações de financiamentos adicionais que foram extremamente críticos para a continuidade de nossos investimentos para o futuro. Estruturamos e completamos com sucesso algumas das maiores e mais complexas operações de venda de ativos do país, incluindo a venda de nossa operação móvel e a criação da V.tal, que inaugurou no Brasil o modelo de separação estrutural da nossa infraestrutura de fibra ótica. Segregamos as operações vendidas mantendo a atenção e cuidado com todos os nossos clientes. Iniciamos um processo de eficiência operacional e redução de custos extremamente importante para a nossa sustentabilidade, incluindo a simplificação da nossa estrutura e de nossos processos. Demos sequência a um processo de revisão e equacionamento de nossa concessão de telefonia fixa e operações legadas associadas, incluindo uma grande transformação operacional e também ações regulatórias e legais que tem o potencial de transformar a companhia com reduções de custos e obrigações imprescindíveis para a nossa viabilidade futura. Reduzimos de maneira importante as nossas dívidas financeiras, com pagamento integral de vários credores, como por exemplo o BNDES, e de todas as dívidas extraconcursais contraídas desde 2018. E no meio de toda essa transformação, fomos capazes de desenvolver, quase do zero, uma das maiores bases de usuários de fibra residenciais e empresariais e uma das maiores operações de soluções para grandes empresas do país, com as nossas unidades Oi Fibra e Oi Soluções.

Agora, daqui para a frente, iniciamos uma nova série de desafios bastante críticos, fundamentais para o nosso sucesso futuro. Enquanto devemos comemorar e reconhecer esse marco tão simbólico de final dessa fase de nosso processo, é importante entender que ainda temos necessidades de resolver questões importantes relativas ao nosso futuro, incluindo o trabalho cada vez mais intenso para o crescimento de nossas operações e desenvolvimento de novas fontes de receita, a contínua busca pela eficiência e simplificação da empresa e redução de seus custos, o equacionamento definitivo da concessão e suas operações legadas, incluindo os processos de arbitragem relativa à insustentabilidade da concessão e de migração da mesma para o modelo de autorização, bem como a continuidade das negociações com nossos credores financeiros, visando a otimização do perfil de endividamento e a busca de sustentabilidade e viabilidade de longo prazo. E não pouparemos esforços para fazer tudo o que seja necessário para que sigamos sendo bem-sucedidos em nossas conquistas.

Também estamos empenhados em participar do pleno desenvolvimento da V.tal, que contribuirá para o crescimento da Oi e deverá gerar valor adicional significativo no futuro. E a Oi segue ainda oferecendo, com suas subsidiárias integrais, serviços técnicos e de logística, operação de instalação e manutenção de redes, por meio da Serede, e uma plataforma de relacionamento e atendimento a clientes, por meio da Tahto.

Temos uma nova Oi, mais leve, que tem como estratégia a expansão da fibra ótica e dos serviços digitais, em linha com a tendência de crescimento da digitalização em todos os setores da economia.  Vamos perseguir a visão de levar a companhia à liderança do mercado de conexões por fibra, com banda larga de altíssima velocidade, acompanhada de soluções digitais e de TI para pessoas e empresas em todo o Brasil. Com isso, seguiremos atuando em nossa missão de criar novos futuros, levando a vida digital para todos, e com certeza poderemos ajudar a construir uma Oi melhor para um Brasil mais conectado e com mais oportunidades.

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