O Google fechou acordo com os controladores da Motorola Mobility para adquirir a fabricante norte-americana por US$ 12,5 bilhões, a serem pagos em uma única parcela. Esse montante representa um preço de US$ 40 por ação da Motorola, valor 63% acima da cotação fechada na última sexta-feira, 12. A compra inclui também a área de produção de set-top boxes e home devices da Motorola. Os conselhos de administração das duas companhias aprovaram o negócio, que ainda precisa ser avaliado pelos órgãos competentes nos EUA. Em teleconferência sobre a aquisição, executivos da Google disseram acreditar que o negócio será aprovado sem problemas, por ser essencialmente "pró-competição", haja visto que o Google não atua como fabricante de terminais.
Análise
A compra da Motorola Mobility pelo Google representa o fim da neutralidade do sistema operacional móvel Android. Entretanto, os executivos do Google se esforçaram para rechaçar essa ideia durante a teleconferência com analistas na manhã desta segunda-feira, 15. Disseram que o Android continuará aberto, que não faria sentido transformá-lo no OS de um único fabricante e que a Motorola será uma unidade de negócios separada do Google. Relataram também que entraram em contato no fim de semana com os demais fabricantes que utilizam Android e que todos teriam recebido com entusiasmo a notícia. Resta ver se, na prática, o Google conseguirá se comportar de maneira independente na relação que mantém com os diversos parceiros Android. É melhor que siga a promessa, pois os fabricantes têm como opção o Windows Phone, da Microsoft, que passa a ser a partir de agora o único sistema operacional móvel neutro, ou seja, não ligado diretamente a nenhum produtor de terminais.
Existe um ponto positivo nessa aquisição para os fabricantes que adotaram o Android: ela representa a entrada do Google na guerra judicial relacionada a patentes do OS. A Apple até então vinha processando apenas os fabricantes que usam Android, não o seu criador. Para o Google, por sua vez, a aquisição tem o valor estratégico de agregar à empresa cerca de 17 mil patentes, a maioria na área de mobilidade, onde a empresa ainda é um tanto fraca para enfrentar essas batalhas judiciais. Essa importância estratégica talvez explique o alto prêmio de 63% por ação a ser pago pelo Google.
iDen
O futuro da tecnologia iDen não foi abordado durante a teleconferência. Trata-se do padrão usado pela Nextel para o serviço de rádio despacho e para o qual a Motorola é o principal fabricante, com mais de 90% de participação no mercado. A princípio, como ainda é uma área lucrativa para a empresa, é esperado que a produção de terminais iDen continue. Vale lembrar que no ano passado a própria Motorola lançou o primeiro modelo iDen com Android. Agora, mais do que nunca, é provável que essa aliança se fortaleça, enquanto houver demanda da Nextel, que, paralelamente, investe em redes 3G.
Histórico
Nos últimos dois anos, a Motorola promoveu uma reestruturação de sua estratégia em mobilidade. Primeiro, dividiu a empresa em duas, deixando com a Motorola Mobility a área de telefonia celular. Ao mesmo tempo, decidiu adotar o Android como único sistema operacional e focou seu desenvolvimento em modelos de gama alta, que vendem menos, mas garantem uma margem de lucro maior. No segundo trimestre deste ano, a Motorola Mobility respondeu por 2,4% das vendas de aparelhos celulares no mundo, de acordo com o Gartner, ficando na oitava colocação.
Evento
O diretor de publicidade móvel do Google para a América Latina, Peter Fernandez, participará da quarta edição do Forum Mobile+, a ser realizado nos dias 27 e 28 de setembro, em São Paulo, no Centro de Convenções Frei Caneca. Fernandez fará uma apresentação em um painel dedicado a mobile marketing, na tarde do dia 28. O Forum Mobile+ é organizado pela Converge Comunicações. Para mais informações sobre o evento, acesse: www.convergeeventos.com.br
