GVT tem bom desempenho no Brasil, mas desvalorização do Real impacta Vivendi

Impulsionada por novas adesões tanto no mercado de telefonia fixa e banda larga quanto de TV por assinatura, a GVT conseguiu crescer tanto suas receitas quando no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), se considerados os valores em Real. O resultado, contudo, foi impactado negativamente pela desvalorização de 22% da moeda local em relação ao Euro, contabilizada pela controladora francesa Vivendi no primeiro trimestre de 2014.

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A receita da GVT teve um crescimento anual de 12,6% em reais e totalizou R$ 1,312 bilhão no primeiro trimestre do ano. Na conversão para euros, contudo, a receita caiu 7,6% e totalizou 405 milhões de euros entre janeiro e março de 2014. O segmento de telecomunicações, que inclui telefonia fixa e banda larga, respondeu por 321 milhões de euros, 6,3% a menos que em igual período do ano passado. Em reais, as receitas de voz cresceram 7,8%, para R$ 654 milhões, e as de banda larga, 11,7%, para R$ 386 milhões.

Em conferência com investidores, o CFO da Vivendi, Hervé Philippe, destacou a forte performance comercial do segmento com a adição de 199 mil unidades geradoras de receita (UGRs) no trimestre, alta de 35% na comparação anual entre trimestres. Foram 113 mil novas linhas de voz e 86 mil novos acessos de banda larga. A GVT fechou março com 6,754 milhões de linhas em serviços, 15% a mais que um ano antes – 4,047 milhões de linhas de voz e 2,707 milhões de acessos banda larga (87% destes com velocidades acima de 10 Mbps).

A operação de TV por assinatura somou 51 milhões de euros ou R$ 165 milhões, altas de 32,1% e de 61,1% em euros e reais, respectivamente. A GVT encerrou o trimestre com um total de 715 mil assinantes de TV, 55,4% a mais que em março de 2013 (72 mil adições líquidas no trimestre); e os pacotes triple play agora chegam a 26,5% da base de banda larga da operadora. O mercado de atacado e corporativo, por sua vez, encerrou o trimestre com receitas de 33 milhões de euros (R$ 107 milhões), quedas de 20,2% e de 2,9% em euros e em reais, respectivamente.

A rede da GVT chegou a mais 299 mil domicílios cobertos neste primeiro trimestre, uma redução no ritmo de construção de rede, já que em igual período do ano passado haviam sido 462 mil novos domicílios cobertos. O CEO da Vivendi, Jean-François Dubos, justificou a desaceleração no ritmo como uma estratégia de investimento focado em rentabilidade. "A GVT está realmente focada em crescimento com lucratividade em 2014. Isso significa que a diretoria está disposta a desenvolver o negócio de maneira seletiva, sendo capaz de tomar as medidas necessárias para o Capex que vise ao crescimento lucrativo da GVT, focado em boas cidades para estar e para ter caixa positivo em 2014", explica Dubos. A tele chegou a duas novas cidades brasileiras no primeiro trimestre do ano, totalizando 152 cidades atendidas no País. "Estamos focando no crescimento mais seletivo em termos de aquisição de clientes e desenvolvimento de redes. Temos de ver a capacidade dos assinantes de pagar no longo termo. É melhor que colocar linhas para todo mundo e é uma política importante para os próximos trimestres da GVT", completa Dubos.

Desconsiderada a variação cambial, o EBITDA teria subido 9,5% na comparação anual entre trimestres, para 158 milhões de euros, mas com a desvalorização da moeda brasileira, caiu 10,2%. Os esforços de marketing e maiores custos de aquisição de programação impactaram, entretanto, a margem EBITDA da subsidiária brasileira, que caiu de 40,2% no primeiro trimestre de 2013 para 39% ao final de março de 2014. "As margens também foram impactadas pela aquisição de equipamentos de TV por assinatura, que têm uma amortização de cinco anos", explica o CFO, Hervé Philippe.

Ativo importante

Questionado se a Vivendi ainda avaliava uma possível venda da GVT no Brasil ou se estava comprometida em permanecer com a subsidiária no longo prazo – vale lembrar que após a venda da SFR, na França, a GVT é a última operadora de telecom que permanece com a holding francesa –, o CEO Dubos desconversou.

"GVT ainda é um negócio interessante para se ter no grupo porque é um negócio que cresce rápido e o Brasil é um país muito interessante. Mesmo o Brasil agora não muito bom (em relação à desaceleração econômica), no médio prazo nós, sim, cremos que será muito interessante. É um país muito grande, com mais de 200 milhões de pessoas, em que o governo tem adotado políticas para aumentar a classe média. Claramente o aumento da classe média no Brasil é interessante para negócios como o da GVT e, por isso, creio que é um ativo importante para nosso grupo", declarou.

Reposicionamento

Dubos fez questão de ressaltar durante a conferência com investidores que o reposicionamento da Vivendi como uma empresa de conteúdo e mídia está perto de ser concluída. "Ontem anunciamos a conclusão bem sucedida da venda da Maroc Telecom por 4,1 bilhões de euros e o desinvestimento na SFR em favor da Numericable está seguindo como planejado, com um valor total para a Vivendi de 17 bilhões de euros. Estamos com nossa estrutura financeira restaurada, com previsão de fluxo de caixa livre de 5 bilhões de euros para o final de 2014 ou início de 2015, e o grupo agora está bem posicionado para alavancar nosso crescimento futuro", avalia o CEO.

A Vivendi deverá pagar 1,34 bilhão de euros em dinheiro a seus acionistas no final de junho e prevê outros 3,5 bilhões de euros em dividendos extras e/ou recompra de ações em 2014 ou em 2015.

Com acordo para a venda da SFR, a Vivendi optou por reportar os resultados de sua subsidiária francesa como operação descontinuada já a partir de 1º de janeiro deste ano "para ter melhor comparação com os trimestres futuros".

As receitas do grupo cresceram 1,2% em termos orgânicos (desconsiderando variações cambiais), para 2,7 bilhões de euros, mas queda real anual de 3,7%. A França ainda representa 37% das receitas da Vivendi, mas a composição está bem distribuída, com resto da Europa com 21%; América do Norte com 17%; Brasil, 15%; e resto do mundo, 10% (o que mostra que estamos prontos para aproveitar oportunidades em mercados de rápido crescimento no resto do mundo).

O EBITDA ficou em 429 milhões de euros (queda anual de 12,8%) e o EBITA (que contém depreciação) em 268 milhões de euros (queda de 11,2%).

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