Standard & Poor's também rebaixa nota da Telecom Italia para "junk"

O que já era esperado pelo mercado financeiro foi finalmente oficializado na nesta quinta-feira, 14: o rebaixamento da nota de crédito da Telecom Italia para o patamar especulativo ("junk") também pela agência de ratings Standard & Poor's (S&P). No início de outubro, outra agência, a Moody's, havia tomado a mesma decisão de rebaixar a nota de crédito da holding italiana para junk, quase que ao mesmo tempo em que a S&P colocou a companhia em observação com perspectiva negativa.

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Os ratings de crédito de longo e curto prazos da Telecom Italia foram rebaixados pela Standard & Poor's de 'BBB-/A-3' para 'BB+/B', com perspectiva negativa, e reflete a crença da agência de que o EBITDA da companhia continuará a cair nos próximos dois anos, frente aos desafios competitivos, econômicos e regulatórios. O relatório considera também que, embora a empresa tenha apresentado um novo plano industrial que prevê ações para abater 4 bilhões de euros da dívida líquida da companhia (de 28,2 bilhões de euros ao fim de setembro), "é improvável que o grupo consiga cortar o endividamento ajustado o suficiente para aliviar a pressão operacional a tempo de conseguir rápida e materialmente as melhoras necessárias para manter o ranting anterior".

Para a S&P, as medidas poderão, sim, ter impacto na qualidade do crédito da Telecom Italia, mas no longo prazo. "Achamos que levará tempo para que o grupo entregue resultados positivos tangíveis e vemos riscos potenciais de execução", acrescenta o relatório.

Complicadores

O fato de o grupo italiano ainda não ter escolhido um novo chairman – o CEO Marco Patuano está interinamente no comando da holding – e a dificuldade de prever possíveis impactos numa eventual tomada de controle da Telecom Italia pela espanhola Telefónica também não ajudaram. A agência considera também que o desempenho da TIM no Brasil só iria compensar parcialmente as pressões domésticas na Itália, e que a flutuação cambial do Real ainda poderia afetar negativamente a contribuição da operação brasileira para a controladora.

A S&P diz que a proposta de emissão 1,3 bilhão de euros em títulos conversíveis em ações ordinárias teria "conteúdo patrimonial mínimo" pelo critério deles, já que o vencimento dos títulos é de mais de dois anos e a conversão ainda depende de autorização dos acionistas. Caso seja aprovada, a emissão ganhará status de alto conteúdo após a data para vencimento ficar em menos de dois anos, e dependendo da percepção da agência em relação à política financeira da Telecom Italia.

A agência de créditos considera também que o crescimento do PIB italiano flutue entre 0,5% e 0,9% entre 2014 e 2015, indicando ainda uma taxa de desemprego na casa de 12%. Dessa forma, a S&P enxerga um mercado imobiliário em depressão, pequenas e médias empresas cortando custos e poder aquisitivo contraído, o que traria impactos negativos para o setor de telecomunicações em geral. A agência cita também que o mercado móvel ainda precisa provar que uma demanda por dados e ofertas convergentes possa compensar o declínio na receita por voz.

Previsões

A S&P estima que as receitas do grupo (excluindo as operações da Argentina) caiam 7% em 2013 e em um dígito baixo em 2014 e 2015, impactadas uma queda de um dígito médio nas receitas na Itália no período, enquanto o crescimento orgânico no Brasil (excluindo-se a venda de handsets) deve ficar entre um dígito baixo a médio.

O EBITDA do grupo deve cair 10% em 2013, mantendo a tendência de redução até 2015, mas mais moderada. A margem EBITDA deve ficar entre 39% e 40% (excluindo a Argentina) entre 2014 e 2015.

Por conta dos pesados investimentos a serem feitos em 4G e fibra, tanto na Itália quanto no Brasil, a agência prevê investimentos fixos de 18% a 20% da receita anual, com fluxo de caixa livre entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de euros no período.

A Standard & Poor's declara que o outlook negativo reflete a possibilidade de a holding italiana falhar em melhorar o desempenho das operações e EBITDA no mercado doméstico, recuando na casa do dígito médio único ou mais durante o biênio 2014-20154. Isso poderia ocorrer no caso de uma renovada guerra de preços no mercado wireless italiano, o que iria diminuir a compensação do declínio de receitas fixas. Outro motivo seria se a empresa gastasse mais com investimentos do que o esperado.

Assim, a agência baixaria a nota de crédito se a relação de dívida com EBTIDA aumentasse para 3,7x, os fundos para operações (FFO) para a dívida caíssem na casa dos 15% e se a liquidez do grupo se tornasse mais fraca. Por outro lado, a S&P melhoraria o outlook no caso de um fortalecimento estrutural do desempenho das operações domésticas, incluindo estabilização do EBTIDA, prevenção de deterioração das relações EBTIDA/dívida líquida e FFO/dívida, manutenção adequada da liquidez e estabilidade do gerenciamento e governança.

 

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