O ultimato do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) brasileiro para que a Telefónica se desfaça da participação que detém na Telecom Italia sob pena de ter de dividir o controle da Vivo com outro sócio e, mais recentemente, a indicação de que os sócios italianos da espanhola na Telco querem a dissolução da holding (maior acionista da tele italiana com 24,3% das ações) em junho próximo renovaram as esperanças do empresário egípcio Naguib Sawiris, controlador da tele egípcia Orascom, de entrar no capital da Telecom Italia.
Sawiris disse em entrevista ao jornal italiano Il Sole 24 Ore no domingo, 13, que estaria disposto a investir entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões na Telecom Italia caso a Telefónica decida sair do negócio. A Telecom Italia é um objeto de desejo antigo de Sawiris: no final de 2012 o egípcio fez uma proposta de injeção de capital de 3 bilhões de euros, que foi recusada pelo board da italiana. No começo do ano ele também esteve no Brasil e procurou o governo para dizer que teria interesse na TIM, caso ela fosse colocada a venda. Em 2006 o empresário também tentou uma aproximação da Brasil Telecom, em meio à disputa entre Daniel Dantas e fundos de pensão para o controle da companhia.
"Eu invisto com paixão, não sou um hedge fund de Nova York", disse Sawiris na recente entrevista, acrescentando depois que, nesse caso específico, não tem pressa. Isso porque o Cade, pra tentar evitar especulações no mercado, manteve em sigilo o prazo para que a Telefónica saia da Telecom Italia ou encontre outro sócio para dividir o controle da Vivo aqui no Brasil, mas o que se comenta no mercado é que este prazo se encerraria em meados de 2015. A isso, soma-se a pressão da indicação da companhia de seguros italiana Assicurazioni Generali, que junto às também italianas Intesa Sanpaolo e Mediobanca detém 54% do controle da Telco (a Telefónica tem 46%), de pedir a dissolução da holding em junho. "Um amigo francês diz que a paciência não é parte da minha estratégia. É verdade: se quero algo, quero para já. Mas nesse caso, não: espero porque os bancos italianos já disseram que pretendem sair no início de junho. E o regulador brasileiro já disse aos espanhóis da Telefónica que não podem ter tudo (…) Aguardo as decisões da Telefónica. Saberei ter paciência por alguns meses", conclui Sawiris.