Ao anunciar a compra da Vogel Telecom por R$ 600 milhões no último sábado, 8, a Algar Telecom também projetou que por si só, as sinergias operacionais do negócio poderiam viabilizar a transação. Em entrevista ao TELETIME, o diretor financeiro da operadora, Tulio Abi-Saber, explicou parte do racional por trás da estratégia.
"A Vogel é uma empresa que atua no segmento B2B bem alinhada com nossa estratégia nacional e com mais de 27 mil km de rede", apontou Abi-Saber. Com os mais de 88 mil km pertencentes à Algar, o resultado da integração vai superar os 110 mil km. "São sinergias significativas dado o tamanho das redes", avaliou o CFO.
Segundo ele, a Vogel e a Algar estão presentes em muitas das mesmas cidades, mas em regiões diferentes em diversos casos. "A dificuldade de passar cabeamentos em São Paulo, por exemplo: nesse sentido, a rede da Vogel na cidade é complementar", afirmou o executivo, acenando para o ingresso rápido em novos mercados e sinalizando que há pouca sobreposição entre os dois ativos.
"[Mas] em pontos de presença que estão próximos, podemos consolidar e ter um só e com isso reduzir custos. A mesma coisa com os cabos, que saem juntos dos POPs e ocupam dois pontos de fixação de infraestrutura. O grande foco é reduzir despesas e manutenção, que são significativas dado o tamanho das redes", reiterou Abi-Saber.
A Vogel tem presença em 150 cidades de 13 estados e no Distrito Federal. De acordo com a Algar, a rede adquirida é majoritariamente complementar à da companhia em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Clientes
O CFO da operadora ainda reportou expectativa com a base de contratos da adquirida, que agora terá acesso à uma rede mais ampla. "São clientes grandes e importantes, com vários pontos de presença", afirmou Abi-Saber, em referência aos 3,4 mil contratos que devem ser recebidos da Vogel.
A Algar pretende estender a oferta de soluções de TIC nesta direção e também aumentar o atendimento à pequenas e médias a partir da nova capilaridade. Segundo a diretoria da empresa mineira, uma aprovação rápida é esperada por parte do Cade e da Anatel.
Debêntures
Parte da estratégia de financiamento da companhia, as debêntures incentivadas com emissão liberada pelo governo no fim de abril também vão suportar o cenário de aceleração de investimentos projetado pela Algar.
Segundo Tulio Abi-Saber, a intenção da companhia é utilizar os recursos no curto e médio prazo. No entanto, o executivo notou que a cifra de R$ 1,5 bilhão aprovada pelo Ministério das Comunicações (MCom) é o teto do que poderá ser captado no formato, e não necessariamente o valor final a ser utilizado.