As conversas entre Oi e BTG para definir a estruturação final da FibraCo e o time de gestão ainda não estão definidos, segundo apurou TELETIME. O mais provável é que Amos Genish, fundador e ex-CEO da GVT e ex-CEO da Vivo, acabe ocupando, pelo menos inicialmente, não apenas a presidência do conselho como a liderança executiva da empresa, pelo menos até a consolidação de um time profissional.
Durante a conferência com analistas para explicar o acordo, Rodrigo Abreu, CEO da Oi, disse que a tendência é que parte das equipes dedicadas hoje à oferta no atacado e operação das redes e negócios em fibra passem para a nova companhia, mas ainda não há detalhes, dizem fontes familiarizadas com o acordo. Até porque a ClientCo também terá uma demanda relevante de profissionais e muitos dos atuais funcionários e executivos da Oi atuam em várias frentes.
Outra sobreposição de interesses está na oferta de serviços por parte da Serede (empreiteira da Oi para instalação e manutenção em campo) e Tahto (atendimento ao consumidor). Incialmente há a previsão de que a Serede, que hoje congrega 20 mil profissionais, seja a empreiteira preferencial da FibraCo para o agressivo plano de expansão da empresa, que deverá chegar a 32 milhões de homes-passed até 2025 e receberá R$ 20 bilhões em investimentos nos próximos anos. É um contrato amplo, que prevê levantamento de campo, pesquisa, implementação de redes ópticas para FTTH, operação e manutenção da planta, redes para aplicação B2B e backbone.
Mas segundo apurou este noticiário junto a fontes próximas ao negócio, esse acordo não prevê exclusividade. O BTG olhou o desempenho e os custos da Serede nos últimos meses na implantação da rede de fibra da Oi e de fato a performance é considerada muito positiva (o ritmo atual da Oi é de 500 mil HP por mês, considerado elevado mesmo para padrões internacionais). Mas esse desempenho precisaria ser mantido daqui para frente. Fato é que a Serede, por exemplo, já iniciou o processo de contratação de mão-de-obra no estado de São Paulo, onde a Oi recentemente anunciou planos de expansão. Esta relação, contudo, possivelmente será foco de questionamentos de concorrentes durante o processo de aprovação no Cade, que olha questões concorrenciais.
A Oi também fez questão de elogiar os ganhos de sinergia de incorporar à InfraCo a Globenet, empresa do BTG de infraestrutura de redes submarinas, que inclusive pertenceu à Oi até 2013. Nesse caso específico, como existe na prática uma fusão da Globenet com a InfraCo, há pouco espaço para concorrentes da Globenet oferecerem seus serviços, mas não se sabe por quanto tempo a própria Oi (ClientCo) manterá seus contratos de uso da rede da Globenet atualmente vigentes e, segundo fontes de mercado, renovado recentemente. De qualquer maneira, no caso da operação da Globenet, a incorporação dela à InfraCo só acontecerá se o BTG for de fato consagrado o comprador, o que ainda depende da realização do leilão público e anuência do juiz da Recuperação Judicial.
Além da Globenet, trazida pelo BTG para dentro do negócio, a InfraCo ainda será a prestadora de capacidade de fibra (transporte e acesso) para a ClientCo (Oi), acesso e transporte para os negócios corporativos da ClientCo e gestão de redes legadas de banda larga.
Para o BTG está claro que a InfraCo é um bom negócio porque nasce tendo a Oi como principal cliente em várias frentes. Para a Oi, a InfraCo será não apenas um investimento relevante (ela mantem 42% do negócio) como será uma forma de viabilizar investimentos importantes em redes de fibra que, hoje, a Oi está limitada a fazer. Mas as fontes que participaram da negociação reconhecem que este cruzamento de contratos e um emaranhado de condições tornaram a análise muito mais complexa. Razão pela qual dificilmente um outro candidato deve aparecer no leilão da Recuperação Judicial para cobrir as condições já celebradas entre Oi e BTG. Ainda que a proposta do grupo Digital Colony pela InfraCo não tenha ficado, do ponto de vista financeiro, muito distante da oferta do BTG.