Operadores europeus têm dificuldade para crescer em serviços de vídeo

Cord cutting (ou cable cutting) é o fenômeno que está tirando o fôlego dos operadores de TV por assinatura no mundo todo. São as pessoas que cancelam o serviço de TV paga tradicional para ficar apenas com a banda larga, por meio da qual conseguem seus conteúdos de maior interesse. Na Europa o movimento é sentido sobretudo pelos operadores de TV a cabo. Desde 2008 o mercado de cabo vem perdendo base. Em 2013 foram 1,4% a menos de assinantes de TV, enquanto as conexões de banda larga por redes de cabo cresceram 7% e as de telefone, 5,5%, segundo dados da Cable Europe, associação de operadores de cabo da Europa que realiza esta semana seu congresso anual, em Amsterdã.

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Ainda é impossível dizer se todo esse efeito de queda no número de assinantes se deva, contudo, aos cable cutters. Isso porque outras plataformas, como o DTH, têm ainda apresentado crescimento. "O que notamos é que o fator que detonou esse processo de queda foi a migração para serviços de TV por assinatura digitais. Nessa mudança, muitas pessoas passaram a escolher os serviços de outros provedores", diz Matthias Kurth, presidente executivo da associação.

EUA

Mas é claro que o problema dos cord cutters é grande e crescente em todos os mercados desenvolvidos. Alguns dados do mercado norte-americano são impressionantes: a comcast perdeu 1,4% da base de assinantes de vídeos em 2013. A Time Warner Cable perdeu 3,7% da base. A operadora Cox perdeu 1%, a Charter perdeu 3,3% e a Cablevision perdeu 1,3%. A maior operadora global, a Liberty Global, com cerca de 22 milhões de clientes de vídeo, perdeu 1% de sua base. Já os operadores over-the-top (OTT) cresceram entre 36% (Netflix) e 67% (Hulu).

Tranquilos

A postura dos operadores europeus em relação aos serviços OTT, contudo, é de aparente tranquilidade. "Nos EUA já há 15% de consumo de vídeo online. Na Europa ainda é muito menos, é 5%. Netflix está nos forçando a inovar, mas alcança-los não é tão complicado. É um app. Isso pode ser feito pelas operadoras de TV a cabo e com muito mais conteúdo, e isso vai tornar a Netflix muito menos atrativa", disse Mike Fries, presidente da Liberty Global, a maior operadora de cabo da Europa.

Para Joel Leroux, diretor da área de mídia da Accenture para a Europa, o que os provedores OTT estão oferecendo é flexibilidade, comodidade e preço. "As operadoras precisam começar a buscar acordos para modelos de negócio baseados em remuneração por peering (troca de tráfego) e venda de conteúdos sob-demanda. Esse é, aliás, um aspecto importante do mercado europeu de cabo, onde as receitas com conteúdos providos por meio de vídeo sob demanda (VOD ) cresceram 20% no ano passado.

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